Raquel Faria

Mercado bêbado
Publicado em: Tue Sep 12 03:00:00 GMT-03:00 2017

Mercado bêbado

Em janeiro de 2016, o Ibovespa marcava 38 mil pontos. Ontem, passou dos 74 mil. Em 20 meses, uma valorização de quase 100%. O que fez as ações de empresas brasileiras dobrarem de preço, em meio à recessão brava no país? A resposta pode estar no comentário do economista Celso Pastore, ex-presidente do BC, há 30 dias: ele disse que o mercado financeiro está “bêbado”, ou seja, fora da razão e da normalidade, tamanha a “liquidez” no mundo. Segundo o economista, nunca se viu tanto dinheiro circulando nos mercados como hoje. Por isso as ações explodem. E não só no Brasil. A bolsa de Nova York está batendo todos os recordes.

Risco subindo

O mercado embebedado de dinheiro vai descolando da economia real. O que traz de volta o risco do estouro de bolhas, ou correção forte de preços. De modo geral, os ativos financeiros voltaram ao patamar anterior a 2008. Ou melhor, voltaram à “exuberância irracional” dos anos que antecederam o grande crash nas bolsas de valores. Até onde ou quando essa euforia vai, é impossível saber. Mas, ela é perigosa. Há dez anos, a bebedeira acabou numa ressaca que jogou a economia mundial na depressão.

Nevada

Sinal da leniência do Estado: um amigo da coluna foi humilhado e teve que aguardar 30 minutos em fila no estabelecimento Leiteria Nevada, uma tradicional parada de veículos na rodovia BH/SP, após pedir Nota Fiscal do valor dos produtos consumidos. Pelo visto a fiscalização ali é zero.

Super-rica

O orçamento do Sistema Fiemg, que engloba também Sesi e Senai, chegou a R$ 1,1 bilhão no ano passado, segundo disse o candidato oficial à presidência da entidade, Alberto Salum, em almoço com jornalistas na sede do Sicepot. Para comparação, o valor é maior que o orçamento deste ano de Montes Claros, sexta maior cidade de Minas em população.

Ajuda de cima

A Fiemg sempre foi rica. Mas, agora, tem conseguido praticamente dobrar o orçamento graças à CNI. No bolo bilionário, R$ 600 milhões são recursos da entidade mineira. Os outros R$ 500 milhões vieram de “parcerias” com a CNI, dirigida, em Brasília, por Robson Andrade, que já presidiu a Fiemg e apoia a atual gestão de Olavo Machado, padrinho da candidatura Salum.

Dois gumes

O forte apoio financeiro da CNI à Fiemg mostra o peso do alinhamento político da entidade mineira à confederação nacional. O que pode virar um trunfo para a situação: será que Robson se empenhará em turbinar os cofres da Fiemg se Salum for derrotado pelo opositor, Flávio Roscoe? Por outro lado, a questão também pode trazer desgaste para Robson: será que a Fiesp, Firjan e demais federações estaduais estão sabendo do apoio a Minas e/ou estão recebendo o mesmo suporte?

Jogo não acabou

Alberto Salum reuniu a imprensa para exibir sua “plataforma de gestão” e, sobretudo, mostrar força. O maior desafio do candidato oficial é mudar as expectativas eleitorais. Seu rival Roscoe, em campanha há mais tempo, conseguiu difundir a narrativa de que a eleição já esta definida – para ele. Ontem, Salum passou boa parte do tempo reafirmando que o jogo ainda está sendo jogado e que ele tem chances de ganhar.

Gabriela Brasil, Regina Dinardi, Cláudia Aragão e Letícia Meireles.

Chuteiras

Rodrigo Janot tem um compromisso agendado para o dia 18, primeiro dia após encerrar o seu mandato à frente da PGR. Nessa data, sua presença está sendo esperada na reunião do conselho do Atlético que discutirá o projeto do estádio próprio atleticano. O procurador geral é conselheiro do clube.

No drible

A reunião atleticana ocorrerá no mesmo dia em que Raquel Dodge estará assumindo o lugar de Janot. É mais um sinal de que o atual procurador geral pensa não comparecer à posse de sua sucessora. Ele pode se ausentar não pelo fato de Dodge ter lhe feito oposição na PGR e sim para evitar um encontro com o presidente Temer, que já confirmou presença no evento.