Raquel Faria

Nome da hora
Publicado em: Fri Apr 20 03:00:00 GMT-03:00 2018

Nome da hora

Joaquim Barbosa abriu ontem a sua campanha ao Planalto ao se reunir com a cúpula do PSB na condição explícita de pré-candidato. Ele se cacifou para a disputa ao registrar de 9% a 10% no Datafolha; possui uma boa imagem pela atuação no STF e um perfil que o identifica com o povão por ser um afrobrasileiro de origem humilde. Também é ‘outsider’, não comprometido com o sistema vigente. De fato, o ex-ministro chega despertando grandes expectativas. Mas a sua candidatura não é certa. Ele só deve ser confirmado pelo partido no meio do ano, se, até lá, mostrar a que veio. E convencer. A premissa é que o seu atual índice seja um piso e possa crescer bem mais. As pesquisas é que irão consolidar, ou não, a nova pré-candidatura.

Abraçando o mundo

O PSB já tem pela frente uma dura campanha para segurar o governo de São Paulo nas mãos de Márcio França, ex-vice de Alckmin. Também precisa reeleger o governador Paulo Câmara para manter o seu principal reduto no país, Pernambuco. Ainda lançou Lacerda ao governo de Minas, segundo colégio eleitoral. O partido não exibe estrutura política e caixa financeiro para tocar tantos projetos ambiciosos de uma só vez. Pode ser forçado a fazer escolhas, para não se arriscar a perder todas as rédeas.

 

Custos e benefícios

A ala paulista do PSB, embora não abertamente, atua contra a candidatura ao Planalto para compor no Estado com Alckmin. Os pernambucanos também preferem ficar livres para fazer acordos regionais, por exemplo, com o PT. Além disso, a montagem de um palanque nacional dividiria os parcos recursos do fundo partidário. Mas, toda a resistência será superada se Joaquim empolgar o eleitorado e isso favorecer as campanhas estaduais. No patamar em que ele se acha hoje nas pesquisas, o ex-ministro ainda apresenta mais riscos e custos do que benefícios ao PSB.

Novo caminho

A vaga aberta no TCE com a morte de Adriene Andrade cria novo espaço para acomodar aliados no complicado xadrez da reeleição de Pimentel. Pode até resolver a peleja com o MDB em torno de Adalclever Lopes, que ficou sem posição certa na chapa oficial com a pré-candidatura de Dilma ao Senado. Poucos se lembram, mas o presidente da ALMG já manifestou em anos recentes um grande interesse pelo cargo de conselheiro no TCE.

Caso delicado

O futuro de Adalclever é uma questão delicada. Ele tem sido o principal aliado de Pimentel e um fiador da estabilidade do governo na ALMG. Seu papel é reconhecido e elogiado, mas não anula a sua fragilidade eleitoral. Ele se reelegeu com 58 mil votos: o 48º em 77 deputados. Aparentemente, só tem chances para o Senado se for candidato único no campo governista. Mas esse privilégio eliminaria uma vaga nas negociações do governador com outros aliados. E a chapa já tem número limitado de cargos: até quatro.

Patrícia Bragança, Adriane Oliveira, Kelly Fernandes e Neuza Soares.

Fake news e política

A polêmica sobre o vídeo de Glesi Hoffmann na TV Al Jazeera deu à PGR a oportunidade de investigar um caso exemplar de fake news, a praga das redes sociais. Toda notícia falsa é produzida pela má-fé de pessoas que usam a desinformação e dispersão dos internautas para propagar mentiras e destruir imagens. Neste caso que pode (e deve) ser apurado, muita gente foi levada a confundir a maior empresa árabe de comunicação com grupos tipo Al Queeda, para sugerir que a presidente do PT pedia apoio a terroristas. Se a PGR investigar a fundo e com isenção, descobrirá grupos organizados e fortemente patrocinados por trás da indústria de fake news políticas.

Licença saindo

O Copom vai recolocar na sua pauta, no próximo dia 27, a licença do alteamento da barragem do Complexo Itabira da Vale. A barragem, já a maior do mundo para minério, foi ampliada em 20% para armazenar até sete vezes mais que a de Mariana, responsável pelo maior acidente ambiental de Minas.

Já vem tarde

A construção do alteamento começou no governo Collor. A análise das obras demorou tanto que o licenciamento vai sair quando o projeto já tornou-se antiquado. Hoje, a mineração moderna usa barragens a seco, mais seguras. No Brasil, a barragem a seco é adotada, por exemplo, pela Arcelor Mittal.