Raquel Faria

Nova ordem
Publicado em: Sun Aug 24 03:00:56 GMT-03:00 2014

Nova ordem

O principal executivo de um grande conglomerado mineiro contou que as empresas do grupo iniciaram forte programa de contenção de despesas. “Estamos controlando até luz acesa em sala”, disse. E emendou: “Não somos só nós. É geral. Cortar gasto é a nova ordem nas empresas”. Nessa política contracionista, os investimentos também vão sendo cortados ou adiados: só se mantém o que não se pode parar.

Tempo de ajuste

As empresas estão se antecipando ao ajuste esperado na economia brasileira em 2015. Sabem que o tranco será inevitável para correção de distorções, obrigando o próximo governo a tomar medidas de aperto fiscal como redução de despesas e/ou aumento de impostos para abrir espaço à valorização do câmbio e reajuste de tarifas defasadas.

Modo incerto

A postura defensiva das empresas é reforçada pelas incertezas: não há como prever como e com que intensidade será feito o ajuste, pois tudo dependerá de quem vencer a eleição. A equipe de Dilma sinaliza opção por ajuste lento e gradual, administrando o remédio amargo em pequenas doses, enquanto economistas ligados a Marina Silva, como Eduardo Gianetti, defendem um processo mais doloroso, porém rápido, do tipo terapia de choque, linha que também parece ser a preferida pela turma de Aécio.

Surto autista

Sabe-se que o ajuste está vindo por manifestações de pessoas da área econômica das campanhas. Os candidatos mesmos fogem do tema incômodo como o diabo da cruz. Parecem estar sofrendo um apagão ou surto de autismo semelhante ao dos candidatos mineiros a governador, que silenciaram sobre a queda do viaduto Guararapes como se a tragédia tivesse ocorrido em outro Estado ou não tivesse nada a ver com eles.

Volta ao mercado

O economista Fuad Noman reativou sua empresa de consultoria financeira EconPrev, que havia sido paralisada durante sua atuação no governo mineiro, primeiro como secretário da Fazenda e depois como titular da pasta de Obras Públicas. Fuad formou uma nova equipe e, ao que tudo indica, planeja permanecer na iniciativa privada.

Poderoso

Jantar de adesão à campanha do deputado Gabriel Guimarães reuniu quinta-feira, no Automóvel Clube de BH, uma nata de empresários de setores de peso em Minas. O evento mostrou o bom trânsito que o petista conquistou no empresariado, sobretudo depois de assumir a presidência da comissão especial da Câmara Federal sobre o novo marco regulatório da mineração – o Código Minerário.

Elite reunida

Do setor sucroalcooleiro compareceram o empresário Vittorio Medioli e diretores da Siamig, o sindicato dos usineiros em Minas. Os mineradores se fizeram representar por seu líder institucional, Fernando Coura, do Ibram. Ainda prestigiaram Gabriel, entre outros, o dono da MRV, Rubem Menin, e o ex-banqueiro Alberto Ramos.

Petit comité

Ramos jantou com petistas depois de almoçar com tucanos no mesmo local. Horas antes, Anastasia havia se sentado à mesa com 16 amigos empresários, reunidos por diretores da construtora ECO que integram a direção do Automóvel Clube. Ramos jura que foi um encontro descontraído, no qual se evitou falar de eleição.

Má fama

Gilmar Mendes está sendo apontado e falado nas redes sociais como o ministro do STF que soltou o estuprador em série Roger Abdelmassih (37 vítimas), preso nesta semana após três anos foragido no Paraguai, onde vivia no luxo. Gilmar poderia ter poupado sua biografia dessa mancha. Mas foi vencido pela cultura da impunidade.

Turbulência

A semana foi quente no comitê de Pimenta, com assessores do candidato trombando com Danilo de Castro e Alexandre Silveira batendo testa com outros coordenadores. Alguns desencontros que parecem superados, pois a campanha já voltou às ruas.