Raquel Faria

O novo Lula
Publicado em: Fri Mar 09 03:00:51 GMT-03:00 2018

O novo Lula

O mais novo presidenciável, a ser lançado amanhã com idade mínima legal (36 anos), chega com uma imagem pessoal que remete instantaneamente ao Lula dos anos 80, no início de carreira. Guilherme Boulos se inspira no ex-presidente até no visual. Em tudo e por tudo, o candidato do PSOL se revela um discípulo de Lula, de fato a sua cria mais fiel. Boulos se assemelha ao ex-presidente mais que qualquer outro lulista, até na aura messiânica.

Líder dos pobres

A trajetória de Boulos é intrigante. De filho intelectual da classe média ele virou o líder nacional dos sem-teto, um segmento marcado pela extrema pobreza. Comanda em São Bernardo (SP) o maior acampamento urbano do país, onde milhares de famílias convivem em condições precárias. Não deve ser fácil controlar ambiente tão propício a conflitos e confusões. É por essa razão que Boulos ganhou atenções em meios culturais e universitários: ele demonstra ter o talento de Lula para lidar com as massas, o povão.

Maior incógnita

Até semanas atrás o candidato do PSOL era visto no meio político como uma liderança emergente e promissora, mas inexperiente e imatura, que somente no futuro poderá ocupar o Planalto. O país nunca teve presidente com menos de 40. Mas, os marqueteiros têm outra visão. Muitos profissionais de eleição acham possível que o representante dos sem-teto surpreenda nas urnas, agregando eleitores sem-terra, sem-trabalho ou sem-renda: a base do lulismo. O fato é que ele nunca foi testado na urna. E, inegavelmente, com aquela imagem de fortão e durão, exalando testosterona pelos poros, o novo líder dos pobres pode encarnar o salvador da pátria para despossuídos e desesperançados. Boulos é a maior incógnita da campanha.

Sucessão forçada

Mesmo que não seja um dos mais votados, Boulos sairá engrandecido das urnas, com o nome projetado no país. Ele deve a oportunidade de ouro à retirada forçada de Lula. Por essa não se esperava: a saída do ex-presidente está abrindo espaço para a afirmação de um novo líder popular carismático, ou populista de esquerda. Só que mais estudado e 30 anos mais jovem.

Apuração na Codemig

Para estimar os lucros que a abertura de capital da Codemig pode render: com a cisão da empresa, já em curso, o governo se torna dono indireto de 70% da Codemig, remanescente por meio da nova Codemge, e continua a controlar diretamente outros 30%, que é a parte de ações a ser vendida. Se o valor de mercado da empresa chegar a R$ 8 bilhões, como se estima, poderão ser apurados entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Mas, se houver demanda, o governo ainda poderá aumentar esse valor colocando à venda também uma parte das ações da Codemge na Codemig, sem perda do controle acionário.

Pingos nos is

A propósito, o objetivo do novo projeto de lei sobre a Codemig enviado à ALMG foi dar maior segurança legal aos servidores, deixando claro que a recém-criada Codemge segue a mesma legislação da empresa original.

Devendo

Lá se foi o primeiro bimestre de 2018 e a PBH ainda não disponibilizou na internet nenhum dado sobre as suas receitas e despesas no ano. Seja por problema técnico ou desatenção, o Executivo municipal está em dívida com o cidadão no quesito transparência de informações.

Thiago ‘Magalhães e Athos Penna participando de seminário sobre direito tributário, na Fecomércio-MG.

Chefe bolsonarista

O deputado Marcelo Álvaro Antônio acompanhou Bolsonaro na filiação ao PSL, esta semana, em Brasília, confirmando-se como o chefe da legenda e da campanha do presidenciável em Minas Gerais.

Opção única

Até agora apareceu um único presidenciável disposto a assumir a bandeira governista: Henrique Meirelles. Se quiser que o seu governo seja defendido na propaganda eleitoral, Temer só tem uma opção: lançar o ministro pelo MDB, legenda com maior tempo de TV. Para sorte do presidente, Meirelles é o mais qualificado e preparado para justificar suas reformas econômicas.