RAQUEL FARIA

Panos quentes

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 | 03:00
 
 
Entre o casal Noeme e Jason Duarte, a família Mesquita “L'acqua di Fiori”: Carlos, Leonardo, o pai avô Leopoldo Mesquita, Felipe Chisté, Mateus, Roberta e Olivier, comemorando o Dia de Portugal. Pedro Paulo Sousa

A corregedoria da Câmara de BH já concluiu seu relatório sobre a fraude no painel de votação – o chamado “piano”. Na falta de provas físicas, e com base nos depoimentos de vereadores e servidores, o documento deve isentar de punições e responsabilidades os principais suspeitos: Pablito, o beneficiário, e Juliano Gomes, o suposto “pianista”.

Passando da hora 

O relatório poderia ter saído ontem mesmo, não fosse a revoada de políticos mineiros para Brasília, uns para ver o lançamento do código mineral e outros, como o próprio presidente Léo Burguês, para participar de evento do PSDB. A apresentação poderá ocorrer hoje caso não haja um novo adiamento, desta vez em virtude dos protestos de rua previstos em BH: há vereadores temendo uma invasão da Câmara.

Aécio by PT

Nas pesquisas qualitativas do PT, Aécio vai bem. “O eleitor vê nele os atributos necessários para ser presidente”, comentou à coluna um influente petista que teve acesso aos relatórios. A mesma fonte observou que a candidatura do tucano já deixou de ser menosprezada pelo PT paulista. O que mostra sua “consolidação”.

Casa rachada 

O relatório da corregedoria promete polêmica. Deve agradar os vereadores veteranos que criticaram a direção da Câmara por ter aberto as portas da casa ao MP e à polícia, chamados a investigar o “piano”. Para essa turma, o episódio já deveria estar abafado. Mas também há os vereadores, sobretudo novatos, pressionando no sentido contrário, de maior rigor em relação ao caso. Difícil avaliar se o relatório seria aprovado ou rejeitado, se submetido ao plenário.

Quem é ele

O responsável pela corregedoria da Câmara de BH e por assinar o relatório sobre o piano, o vereador Autair Gomes (com “u” e não “l”, na biografia oficial), é chefe da Igreja Evangelho Quadrangular. Eleito pelo PSC, pode ser definido como um político do tipo Marco Feliciano: religioso, conservador e tradicionalista. Ou, como ele prefere, um “militante na defesa dos valores da família e princípios cristãos”.

Roda virando

Em palestra aplaudida de pé em Araxá, o economista Paulo Rabello de Castro estimou em US$ 10 trilhões a 12 trilhões a derrama de verdinhas nos mercados desde 2008. Uma dinheirama que agora começa a tomar o rumo dos países ricos, após inundar e criar sensação de riqueza em emergentes como o Brasil. Essa inversão de fluxo de capitais muda totalmente o cenário econômico – nosso e de todo o mundo.

Onda tardia

E o gigante adormecido irrompe em insatisfação. Qualquer demanda ou mazela pode deflagrar uma manifestação em algum canto, numa onda difusa de protestos contra tudo. Em vista das características do Brasil, um caso ímpar de contraste social no mundo, com desigualdades tão acentuadas e riquezas tão imensas, o que mais admira na explosão de protestos no país é o fato de não ter ocorrido antes. Demorou demais.

Reféns do medo

O país já lento e travado agora enfrenta novo fator de desestabilização. A onda de protestos traz grande instabilidade política e, com ela, mais incertezas na economia. A essa altura, já assusta potenciais investidores no país. A reação dos políticos até aqui tem sido de medo, pavor mesmo. O risco maior para o Brasil é que seus governantes, em vez de reagirem com atitudes afirmativas de mudanças, sejam levados pelo medo e insegurança à letargia e inação, tornando tudo ainda pior.