Raquel Faria

Passando do limite
Publicado em: Tue Nov 24 02:00:00 GMT-03:00 2015

Passando do limite

O governo mineiro está perto de passar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal. Isso deverá ocorrer já no mês que vem, segundo auditores fiscais, se Pimentel cumprir o acordo com os professores mineiros de pagar o teto nacional da categoria, a ser reajustado agora.

Palavra X lei

O problema divide o alto escalão mineiro. Entre secretários mais próximos do governador, há quem defenda adiar o pagamento do novo reajuste, não cumprindo totalmente o acordo com o magistério, para evitar descumprir a LRF. A coluna apurou que essa é a posição do secretário de Planejamento, Helvécio Magalhães. O desrespeito à LRF pode gerar sanções para administradores públicos. O fato é que o governo mineiro está diante de um impasse: ou cumpre a palavra ou cumpre a lei.

“Camaradagem”

Um manifesto sobre a tragédia de Mariana, assinado por dezenas de ONGs e pequenas entidades, a maioria desconhecida, critica o governo estadual e entidades empresariais pela prática de “camaradagem e aparelhamento corporativo”. E cita o exemplo da pasta de Desenvolvimento Econômico (Sede), cuja subsecretaria para mineração está sendo ocupada pelo genro de Fernando Coura, presidente do Ibram, o instituto das mineradoras.

Festa do poder

Segundo o site da Sede, o subsecretário de Políticas Minerais e Energéticas é José Guilherme Ramos. Este se casou com Luciana Coura com festa para “cerca de mil convidados, entre ministros, empresários e políticos”, conforme registrado pela revista “Viver Brasil”.

Que diferença!

Nenhum músico mineiro – ou brasileiro – fez qualquer manifestação sobre a tragédia de Mariana. Todos permanecem silenciosos. No showbusiness, as vozes de indignação e solidariedade até agora são dos americanos Eddie Vidder e membros da banda Pearl Jam, que protestaram em apresentação no Mineirinho e ainda doaram o cachê para as vítimas.

Queima filme

Em Contagem, uma das cidades mais industrializadas do Estado e do país, a associação com Lula pode derrubar um candidato a prefeito. Em recente pesquisa do Instituto Paraná, 51,7% dos eleitores disseram que o apoio do ex-presidente reduziria suas chances de votar em determinado nome. Lula só está perdendo em desgaste da imagem para a presidente Dilma.

Demonização

Na vizinha e também industrializada Betim, o quadro se repete: o apoio de Lula diminuiria as chances de voto de 45% dos eleitores, contra 22,7% que seriam influenciados positivamente. Nesta cidade, o saldo negativo do apoio de Lula é de 22.3%. Os novos dados confirmam o profundo desgaste da imagem do ex-presidente, que vai se transformando numa espécie de anti-herói ou vilão nacional.

Comparando

Para comparação, todas as demais lideranças políticas apresentadas ao eleitor, à exceção de Dilma, mostraram-se boas influências eleitorais. Entre os que poderiam deixar de votar e os que tenderiam a não votar, o saldo do apoio é positivo nos casos de Aécio Neves (20% em Contagem e 16% em Betim), Marina (18% e 14%), Anastasia (8% e 9%) e Pimentel (5% e 7%).

DNPM-Gate

Na semana passada, o superintende nacional do DNPM, Celso Luiz Garcia, deixou o cargo quatro meses depois de assumi-lo. E ontem uma operação da PF prendeu o ex-chefe e servidores do órgão no Pará, além de políticos, por recebimento de propina de mineradoras. A gestão e fiscalização da mineração parece tão cheia de lama quanto o rio Doce.

Vez argentina

Como Dilma, o novo presidente argentino Maurício Macri vai esquecer o que disse aos eleitores e adotar medidas inversas ao prometido. Diante do quadro econômico no país, o governo será forçado a mexer no câmbio, depreciando o peso, e a realizar duro ajuste fiscal para segurar a inflação. Não há saída. O problema é que o tema foi evitado na campanha – e também nisso o caso argentino parece imitar o brasileiro.