Raquel Faria

PSD X PSD
Publicado em: Tue Jul 19 03:00:00 GMT-03:00 2016

PSD X PSD

A entrada de Jaime Martins na corrida à PBH no último sábado, em desafio à pré-candidatura de Délio Malheiros, colocada há meses, vem evidenciar e aprofundar a divisão no PSD mineiro. O partido está rachado em dois, com um grupo alinhado ao PSDB e ao governo Temer e outro afinado com o PT e o governo Pimentel. Délio representa o primeiro grupo e Jaime, o outro.

Bandas opostas

O racha pessedista começou lá atrás, na eleição de 2014, quando o partido se dividiu entre Dilma e Aécio. Agora, as divergências voltam a aflorar na sucessão de Belo Horizonte. Não por acaso, a pré-candidatura desafiante de Jaiminho surgiu após uma reforma administrativa que agregou ao secretariado de Pimentel um representante da bancada estadual do PSD, Fábio Cherem.

Dobradinha

Antes de se lançar na corrida à PBH, Jaiminho era tido nos meios políticos como pré-candidato a senador em 2018. Isso numa chapa que teria como concorrente à outra vaga no Senado o deputado Reginaldo Lopes, recém-lançado para prefeito da capital mineira pelo PT.

Fiel da balança

Quem conhece os meandros do PSD afirma que a decisão final sobre a candidatura pessedista em BH deverá passar pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab.

Liberando

O secretário estadual do Meio Ambiente, Jairo Isaac, que assumiu em maio prometendo destravar os processos de licenciamento, começa a botar a fila de projetos para andar. Foi licenciada na pasta a construção de uma usina de captação de energia solar em Pirapora, projeto de investidores espanhóis que resultará num empreendimento avaliado em R$ 6 bilhões.

Comissão de frente

O presidente do PSB em BH, Pier Sinesi; o secretário de Comunicação da PBH, Regis Souto; e a dirigente partidária e líder feminista Maria Elvira Ferreira são nomes já certos na coordenação do palanque de Paulo Brant. O marketing deve ser comandado por Cacá Moreno, o mesmo que fez as duas campanhas de Marcio Lacerda.

Evento exclusive - O presidente do grupo Exclusive de Comunicação, Jader Salid, com a filha Camila e o diretor executivo da Sempre Editora, Heron Guimarães, durante almoço que reuniu em grande estilo jornalistas, empresários, políticos e artistas.

Carga pesada

No relatório do MP de Contas de Minas Gerais divulgado quinta-feira (14), o comprometimento da receita corrente líquida estadual com pagamento de servidores dos três Poderes bateu em 61,51% no ano passado. Ou seja, os gastos com pessoal já consomem mais de 60% dos recursos disponíveis do Estado. Tudo o mais (investimentos, custeio, melhorias etc) tem que caber em menos de 40%, um cobertorzinho que vem diminuindo ano a ano com o crescimento da folha de salários e aposentadorias.

Saco sem fundo

Especialmente a folha do TJ chama atenção: foram R$ 2,6 bilhões gastos com serventuários e magistrados em 2015, segundo o relatório. A cifra equivale a 5,5% de toda a receita líquida do Estado. Proporcionalmente ao número de funcionários, o Judiciário é o poder que mais gasta com salários e aposentadorias. E o mineiro está entre os mais caros no país.

Perigo

A nova sucessão no STF traz riscos para o acordo da dívida dos Estados com a União. A ministra Cármen Lúcia, que assume a presidência da corte em setembro, tem histórico de mais rigor em decisões envolvendo recursos públicos e um perfil bem menos político que Lewandovski. Há receio de que a mudança reverta o acordo considerado oneroso para a União.