Raquel Faria

Sobrevivente do PT
Publicado em: Thu Jun 21 03:00:00 GMT-03:00 2018

Sobrevivente do PT

Um exemplo da dinâmica volátil e imprevisível da política brasileira: na última terça-feira, em questão de horas, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman, passou da condição de possível nova presidiária a uma opção no partido para vice de Lula ou mesmo para o Planalto. A sessão no STF que ameaçava enterrar a carreira da senadora acabou lhe conferindo uma espécie de selo de idoneidade ao absolvê-la de corrupção. Agora, ela é uma rara liderança do PT a sair limpa da Lava Jato; uma sobrevivente do escândalo que vem atingindo cabeças petistas, inclusive o mais falado até aqui para substituir Lula, Fernando Haddad, alvo de processos em aberto. Para contar mais pontos, a senadora é a chefe do partido e vem da região sul, onde Lula tem o pior desempenho. E ainda por cima ela é fotogênica, bonita em qualquer ângulo na TV. Gleisi está empoderada.

O segundo STF

O placar no STF sobre Gleisi surpreendeu. A coluna esperava 3 X 2 contra a petista no crime de caixa 2, o mais corriqueiro, e não o contrário como ocorreu; a expectativa era que o futuro presidente da Corte, Dias Toffoli, por ter advogado para o PT no passado, acompanhasse o voto de Fachin e Celso de Mello para mostrar distanciamento do partido. De todo modo, a Segunda Turma do STF confirmou uma impressão usual nos meios jurídicos, que consideram este grupo de ministros menos rigoroso e mais “garantista” dos direitos da defesa que a outra metade da Corte, a Primeira Turma.

Não é pra tanto

A absolvição de Gleisi inflou as esperanças nos petistas de ver Lula solto e livre para a campanha na próxima terça-feira, 26, quando terá julgado um recurso para suspensão da sua pena. Pode ser ilusão esperar tanta tolerância ou relaxamento no STF, mesmo na Segunda Turma. No caso de Gleisi, a posição dos ministros foi sustentada pela fragilidade das provas; a PGR não montou um processo forte, como ficou patente no julgamento sumário. Mas, melhor não fazer nenhum prognóstico.

Triplo empate

Um conhecido instituto mineiro foi a campo pesquisar as intenções de voto para governador no Estado e apurou em uma cidade próxima à capital o seguinte resultado: 11% para Pimentel, 11% para Anastasia e 11% para Lacerda. O resto engrossou os índices de voto branco/nulo ou indecisos.

Raquitismo

Afora o triplo empate, algo incomum em pesquisa, o resultado impressiona pela performance sofrível dos candidatos que representam as principais campanhas em disputa pelo governo. O índice de 11% é baixo demais para um governador em exercício, um senador que já governou o Estado e um ex-prefeito da capital. Só para lembrar que o raquitismo eleitoral não é fenômeno mineiro, na última pesquisa presidencial do Datafolha ninguém além de Lula chegou a 20%, um quinto do eleitorado; todos perdem para os votos brancos e nulos no primeiro turno.

Paredão maciço

Todas as pesquisas vêm indicando que nesta eleição, tão diferente de todas as anteriores, o maior adversário de todos os candidatos não deverá ser os outros concorrentes ao cargo e sim a indiferença da maioria dos eleitores. O brasileiro está prostrado, sem ver saídas. Vai ser muito difícil para todos abrir um buraco no paredão maciço de desilusão e apatia eleitoral.

Marcelo Freitas e Rodrigo Teixeira

A trincheira

O congresso de prefeitos mineiros encerrado ontem em Belo Horizonte foi um palco armado para a oposição estadual no Mineirão. Na presidência do prefeito de Moema, Julvan Lacerda, a AMM se tornou uma grande trincheira anti-Pimentel. O governador nem deu as caras no evento municipalista. “Teria sido vaiado”, segundo o vice-governador Antônio Andrade, um aliado de Julvan. É verdade: havia grupos a postos para as vaias na plateia.

País dos juros

O banco mineiro de fomento BDMG, após um novo corte nas taxas de empréstimos para pequenas empresas, está cobrando 1,2% ao mês em sua linha de crédito mais barata, direcionada a empreendedoras. O que dá mais de 12% ao ano. As taxas do banco estatal são bem menores que as praticadas em instituições comerciais. E ainda assim são quatro vezes maiores que a taxa de inflação nacional. O dinheiro segue caríssimo no Brasil.