Raquel Faria
Tempo de acordo
Na primeira grande disputa de 2018 em Minas, a eleição da nova diretoria da Fiemg em abril, está vencendo o espírito de conciliação. Os dois grupos que se confrontavam na entidade decidiram nesta semana se juntar para montar uma chapa de unidade, a ser encabeçada pelo líder da ex-oposição, Flávio Roscoe, e integrada por vários membros da situação. O chapão de consenso pode incluir até o presidente atual Olavo Machado, que avalia assumir o posto de representante da Fiemg junto à CNI.
Pra que brigar
A iniciativa do acordo partiu da oposição. Embora à frente nas projeções de voto, Roscoe quis a paz por receio de receber uma Fiemg rachada, ganhar o pleito e não ter governabilidade. Da sua parte, a situação topou prontamente o acordo, com seu candidato a presidente Alberto Salum renunciando em favor de Roscoe. Também deve ter ajudado a reconciliação na Fiemg um sentimento de exaustão que se vai notando entre empresários, e as pessoas em geral. Há uma espécie de cansaço e desânimo com disputas. Tanto é que foram necessárias apenas duas reuniões para pôr fim ao embate de meses na entidade industrial.
Entre e sai
A chapa de união está sendo formada com indicações de ambos os grupos. Um dos nomes já definidos é Fernando Coura, representante da mineração e um dos novos vice-presidentes. Por outro lado, para permitir o rearranjo, o chapão deixará de fora nomes de peso inscritos nas chapas extintas como Robson Andrade, da CNI, e Stefan Salej, ex-presidente da Fiemg.
Fica Olavo
Olavo ainda não decidiu se participará da nova direção. Defensor da chapa única desde o início, ele tem amplo apoio para ficar na Fiemg e atuar como ponte junto à CNI em Brasília. Roscoe quer Olavo nessa função. O futuro presidente da Fiemg quer garantir um bom relacionamento com Robson Andrade, de quem Olavo é amigo, sócio e antigo aliado. A presença do atual presidente na nova diretoria também reforçaria a coesão interna.
Ferro de dentista
O presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda, de Moema, lidera nesta sexta-feira uma marcha de prefeitos queixosos na Cidade Administrativa, consagrando-se como um dos mais obstinados e ferrenhos adversários do governo Pimentel.
Escolha errada
Na eleição da atual AMM, há onze meses, os líderes governistas deixaram de apoiar o prefeito de Sabará, Wander Borges, do PSB, por temor de que ele levasse a entidade para o lado do candidato do seu partido ao governo, Marcio Lacerda. Preferiram negociar uma diretoria suprapartidária com siglas aliadas e oposicionistas, do PT ao PSDB, presidida pelo prefeito de Moema. Deu ruim. Embora do MDB, partido aliado, Julvan vem fazendo da AMM uma das principais plataformas da oposição.
O candidato mineiro à presidência da OAB nacional, Luís Cláudio Chaves, entre Wellington Teixeira e André Luiz Lopes em evento de advogados
Passa de mão
A Inova, responsável pela manutenção das Umeis de BH, está passando de mãos. Foi vendida pela antiga dona Odebrecht para a empresa 3G, fundo de investimento de Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, em sociedade com Carlos Alberto Sucupira e Marcel Telles. O negócio já foi sacramentado, inclusive no Cade.
Grão de areia
O contrato das Umeis é um dos maiores de longo prazo (30 anos) da PBH. E mais parece um grão de areia no império da 3G. O fundo ganhou fama como dono da Inbev, maior grupo de cerveja do mundo; nos últimos anos, com política agressiva de fusões/aquisições, agregou ao portfólio várias marcas de bebidas e alimentos, entre elas Burger King, Kraft Heinz e Miller. O império 3G é tão vasto que BH some em seu mapa.