Ricardo Correa

Editor de Política de O Tempo escreve todos os sábados. Contato: ricardo.correa@otempo.com.br

Anastasia muda o jogo

Publicado em: Sáb, 17/03/18 - 03h00

Já noite de sexta, a coluna do jornal impresso já havia sido liberada e destacava os diversos riscos a serem enfrentados pelo senador Antonio Anastasia caso decidisse se candidatar o governo de Minas, mas deputados tucanos falavam ao telefone tomados pela euforia de ter conseguido, enfim, fazê-lo mudar de ideia. Ao decidir entrar no jogo, o ex-governador de Minas mudava profundamente o jogo político no Estado.

Apontado por muita gente como favorito, ainda que do outro lado haja o peso da máquina estatal que sempre deu vantagens aos detentores de cargos, Anastasia tem potencial para implodir muitas candidaturas e reaglutinar forças de uma perdida oposição que, na melhor das hipóteses, se dividiria em duas grandes chapas

Nos primeiros momentos, interlocutores de Rodrigo Pacheco diziam que ele continuará sendo candidato. Mas dificilmente haverá espaço para os dois. O deputado, que tanto já exaltou o senador, que esteve com ele horas antes do anúncio que mudaria os rumos da campanha mineira, e que surfou justamente na falta de articulação e de opções dos tucanos enquanto sua principal figura rejeitava o papel de protagonista no cenário eleitoral, fatalmente perderá grande parte do apoio que conquistou.

No momento em que aceitou entrar na disputa, Anastasia resolveu correr grandes riscos. Vale o que está escrito na coluna estampada hoje no jornal O TEMPO: haverá o desafio de uma campanha virulenta, que não combina com o perfil o senador; haverá o peso de aliados que estão desgastados e que terão que ser levados debaixo do braço; ficará a ferida de ter alimentado o projeto de um aliado e, depois, pisado em cima de todo o investimento que este fez durante meses; surgirão os problemas de enfrentar a máquina sempre pronta a reeleger seu detentor; e o acompanhará o grande risco de ser apontado como culpado caso o projeto fracasse a despeito de seus esforços. Caso seja eleito, Anastasia ainda terá o desafio de governar um Estado flagrantemente quebrado, e, se não tiver êxito, jogará por terra o prestígio conquistado como gestor eficiente de sua primeira passagem pelo comando de Minas Gerais.

Mas Anastasia parece ter resolvido encarar todos esses poréns para salvar seu grupo político de um fracasso quase certo. De certa forma, mostrou coragem de encarar tão árdua tarefa. Demonstrou aí também, é preciso ressaltar, que ainda não se sente suficientemente livre para definir fazer valer seus melhores interesses.

Se praticamente sepulta a candidatura de Rodrigo Pacheco, a decisão de Antonio Anastasia também dificulta os planos de Marcio Lacerda, encerra as especulações sobre as chances reais de uma postulação de Dinis Pinheiro e torna o já difícil caminho de Fernando Pimentel à reeleição ainda mais tortuoso. Depois de tanto apanharem nessa pré-campanha, hoje só os tucanos comemoram. 

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