Ricardo Correa

Editor de Política de O Tempo escreve todos os sábados. Contato: ricardo.correa@otempo.com.br

PT e PSDB contra o resto

Publicado em: Sáb, 18/08/18 - 03h00

No primeiro encontro entre os candidatos ao governo de Minas Gerais, o que se viu foi um duelo particular entre Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) e outros quatro candidatos disparando juntos contra a dupla do início ao fim. Marcio Lacerda (PSB), Dirlene Marques (PSOL), João Batista Mares Guia (Rede) e Claudiney Dulim (Avante) nem pareciam adversários. Fizeram várias dobradinhas, até com elogios mútuos, enquanto atacavam a polarização entre PT e PSDB.

Antonio Anastasia fez da comparação entre as gestões um mantra durante todo o programa. Comparou, entre outras coisas, empregos gerados ou perdidos e a postura em relação ao funcionalismo e aos municípios. Usou muitos dados e tentou levar o debate para propostas, principalmente no setor fiscal, mas, com o curto tempo para respostas e comentários, não conseguiu detalhá-las de forma razoavelmente suficiente. Sofreu principalmente com críticas indiretas quando não estava entre os debatedores.

Fernando Pimentel, além de apontar as raízes da crise envolvendo o Estado no período de governo dos tucanos, fez de tudo para se colar à imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista até incluiu em uma pergunta a questão da possibilidade de candidatura do colega de partido. Mencionou Lula em quase todas as respostas, sempre usando como gancho a necessidade de uma boa relação com o governo federal. No quarto bloco, Pimentel enfim citou Aécio Neves para criticar Anastasia. Era o que aconteceria, segundo estratégias relatadas pelos petistas.

Sem conseguir se aproveitar tanto do duelo particular entre petista e tucano, Marcio Lacerda apareceu menos do que gostaria. No entanto, foi beneficiado por perguntas e comentários vindos de concorrentes, principalmente João Batista dos Mares Guia, quando teve a oportunidade de falar de seus resultados na educação em Minas Gerais. O foco principal de Lacerda, porém, foi falar da “velha política”, que, segundo ele, tentou tirá-lo da disputa. O discurso de que é um técnico enfrentando políticos deu o tom de suas principais falas e tende a ser um assunto padrão de sua campanha.

João Batista dos Mares Guia parecia mais à vontade que seus concorrentes na maior parte do debate. Bem abaixo nas pesquisas, o candidato da Rede foi mais assertivo nas falas. Fez ataques casados a Pimentel e Anastasia, lembrou o que considerou incoerências dos dois. Citou o papel do PT de Pimentel ao ter Michel Temer como vice e a relação de Anastasia com Aécio. Acabou sendo o autor das melhores frases do debate ao dizer que “Pimentel multiplicou por cinco a herança maldita” ou que Anastasia é um “defensor das castas”.

O desconhecido Claudiney Dulim seguiu linha parecida e praticamente o tempo inteiro fez dobradinhas com Lacerda, Mares Guia e Dirlene para atacar PT e PSDB. Foi, no entanto, mais genérico e menos contundente que os outros. Posição semelhante teve a candidata do PSOL. Apagada, passou longe do perfil dos candidatos do partido nas últimas eleições. Perdeu, inclusive, oportunidades de ser mais dura com os adversários. Ao falar de corrupção, por exemplo, abriu mão de citar inquéritos e processos envolvendo os dois principais concorrentes ao governo. Assim, dificilmente ganhou votos.

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