Ricardo Lebourg Chaves

Advogado, professor de direito e cristão gnóstico

Ricardo Lebourg Chaves

Constantino Magno e a Igreja de Roma

Publicado em: Seg, 25/05/20 - 03h00

Várias são as polêmicas teológicas, políticas e filosóficas, as quais ainda envolvem, na pós-modernidade, as decisões tomadas pelos antigos imperadores de Roma no que tange à história do cristianismo primitivo. Nesse contexto, podemos incluir, sem dúvida alguma, a emblemática figura política e sociorreligiosa do imperador Constantino, o qual, como sabemos, nasceu no século III na antiga cidade de Naísso, na Sérvia.

Constantino Magno foi, realmente, uma personagem religiosa e política muito importante do seu tempo, tendo sido, por exemplo, o primeiro imperador romano a convocar os concílios ecumênicos do cristianismo primitivo. De fato, e em virtude de várias divergências teológicas, esse imperador convocou, em 325 d.C., o Concílio Ecumênico de Niceia da Bitínia, na Ásia Menor. Segundo vários biblistas, esse concílio reuniu inúmeros bispos cristãos com o intento de unificar a fé cristã em torno de consensos políticos, religiosos e socioeconômicos, os quais atenderiam aos interesses do Império Romano. Nessa ótica, o Concílio de Niceia discutiu, de fato, vários temas polêmicos ligados à tradicional história do cristianismo, como, por exemplo, a Páscoa cristã, a Trindade e o Credo Niceno, o qual, como sabemos, consolidou o dogma da divinização absoluta do Cristo. Além disso, a partir de Niceia foram criados, também, vários cânones pela linha ortodoxa, sempre na tentativa de unificar os costumes religiosos com os políticos.

Todavia, Constantino I e seus concílios não foram, muitas vezes, fiéis no que tange aos verdadeiros ensinamentos éticos e morais revelados pelo Cristo. Por conseguinte, começava, naquele momento histórico, as interpolações maliciosas no que se refere às Escrituras Sagradas para atender aos interesses religiosos, políticos e financeiros de Roma. Assim, e a partir de Bitínia, a unidade da fé cristã passou a basear-se no capitalismo, no materialismo político e estatal, na hierarquia eclesiástica e, sobretudo, nos dogmas clericais. Nesse sentido, podemos afirmar, com certeza, que a proclamação do dogma da divinização absoluta do Cristo constitui o principal legado de adulterações bíblicas realizado pelos bispos de Niceia, porque foi realmente esse concílio que criou a figura dogmática do “Deus-Filho-Cristo”, ou seja, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Assim, não podemos negar que Constantino foi, realmente, uma figura social, política e religiosa muito importante de sua época, tendo contribuído, sobremaneira, para a consolidação da ortodoxia católica, a qual, infelizmente, predomina até hoje. Além disso, não podemos esquecer-nos de que os concílios ecumênicos da Igreja de Roma contribuíram muito para desviar o povo cristão dos verdadeiros ensinamentos revelados pelo Messias. Ademais, lembramos ainda que Constantino Magno transferiu, de forma totalitária, vários ensinamentos espirituais, éticos e morais de Jesus para o campo das heresias.

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