Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Até quando, meu Deus?

Publicado em: Sáb, 22/11/14 - 03h00

É sensacionalmente extraordinário o ano do futebol mineiro! Quando achávamos que tínhamos visto de tudo, com Cruzeiro e Atlético já como os melhores times do Brasil e em uma final tão decantada e consagrada como o maior encontro da história dos dois clubes, as duas semanas entre um jogo decisivo e outro estão sendo inenarráveis.

A nova goleada do Atlético sobre o Flamengo, no meio de semana, por 4 a 0 – fora o baile, fecha um ano não só com um provável título da Copa do Brasil, como se fosse pouco. Nessa caminhada do Galo até a decisão, planetas em peso foram tirados das costas de toda a existência do clube alvinegro.

Claro que passar pelo Palmeiras, um time muito tradicional, nas oitavas de final da Copa do Brasil, é motivo de orgulho, mas desclassificar Corinthians e Flamengo em uma mesma competição mata-mata e chegar à final, independentemente da conquista da taça, é uma mostra inequívoca de que o Clube Atlético Mineiro voltou ao patamar de protagonista do futebol brasileiro. Imagina se acabar com a fila de quarenta e tantos anos?

A segunda goleada seguida sobre o segundo maior rival foi inesquecível. A torcida gritou olé, o Flamengo ficou na roda várias vezes e houve muitos gols. Foi um verdadeiro exorcismo dos recalques de décadas da Massa.

Como não poderia deixar ser, a imprensa mineira não aliviou para os cariocas nos jornais do dia seguinte. Nós fizemos uma contracapa muito legal, usando o hino do Flamengo, com todo o respeito. Mas, por falta de espaço gráfico, não coube uma estrofe na manchete. “Uma vez no Flamengo, sempre no Flamengo!”, grafamos. Faltou “Flamengo eu sempre hei de vencer”.

Para nós operários da notícia em Belo Horizonte, os dois times estão sendo maravilhosos no fornecimento de tanto material para o registro da melhor época do futebol mineiro.

E o Cruzeiro hein, dizer o quê? Um time cansado, pressionado, em fim de temporada, pega Santos e Grêmio, fora de casa, e volta campeão, com duas vitórias, uma de virada, mostrando maturidade, comando, foco, e jogadores que voltaram a fazer a diferença, e muita diferença.

Eu vinha dando uma pegadinha no pé do Everton Ribeiro e do Ricardo Goulart, mas eles foram preponderantes nos seis pontos que a Raposa trouxe de sua ida a São Paulo e ao Rio Grande do Sul, e não só pelos gols. Willian já estava irrepreensível.

Acho que todo cruzeirense quer que o time “fique livre” logo do Brasileirão, campeão, em casa, amanhã, para chegar mais aliviado no jogo de quarta-feira. Seria muito melhor! Os jogadores não precisariam se poupar e entrariam em campo no esquema do “o que vier é lucro”. Um time já bicampeão brasileiro, voando baixo nos dois últimos anos, classificado para a Libertadores e podendo escrever uma das páginas mais perfeitas do que qualquer torcedor mais otimista sonharia imaginar, sairia pra cima sem medo de nada, menos de tomar 6 a 1.

O duelo deste domingo, que o Cruzeiro tem, sim, obrigação de ganhar, é importante. A torcida merece ver o time campeão em casa. O Cruzeiro é soberano no Mineirão, tem uma equipe muito melhor do que a do Goiás e precisa chegar na quarta-feira com a máxima moral possível para reverter um quadro muito difícil.

Haja tudo! Tenho certeza de que muitos torcedores mineiros concordarão: aconteça o que acontecer na quarta-feira – menos violência, é claro –, é muito gratificante para quem trabalha e gosta de esporte estar presenciando a história sendo feita debaixo dos olhos.

Saco cheio! Em primeiro lugar, peço desculpas para quem acha esse termo falado a toda hora na língua portuguesa inoportuno e/ou grosseiro, mas não tem outro para expressar o sentimento em relação ao show de provincianismo e falta de respeito ao torcedor protagonizado pelos senhores presidentes de Atlético e Cruzeiro, Alexandre Kalil e Gilvan de Pinho Tavares, respectivamente, no prosseguimento da novela dos ingressos. Lamentável!

Sensatez. Que Levir Culpi é um cara culto e bem acima da média da grande maioria das pessoas que faz parte ou orbita o futebol, isso é notório. Porém, nesta semana, vi uma entrevista dele, não lembro onde, falando mais uma vez da dispensa de Jô, Emerson Conceição e André pelo Galo. Senti muita sinceridade ao escutar que foi o pior momento dele nessa volta ao clube. Disse algo como “esses caras são o fruto da educação do nosso país”. Perfeito!

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