Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Com respeito a coisa vai!

Publicado em: Sáb, 25/07/15 - 03h15

Ter uma coluna em um dos principais jornais de uma das mais importantes capitais do maior país da América do Sul é uma enorme responsabilidade, e não só na hora do esmero no trato com a língua portuguesa, mas também na maturidade para lidar com os leitores, de todos os tipos, idades, raças, posições políticas, ideológicas e clubísticas.

Muitas vezes o colunista recebe e-mails com ofensas, xingamentos, mas isso facilita minha vida, pois, ao detectar a primeira palavra desarranjada, já paro de ler a mensagem imediatamente, o que, no meu caso, graças a Deus, acontece poucas vezes.

Mesmo quando discordam do que escrevo, muitos leitores, a maioria, entram em contato comigo respeitosamente. Quando se trata de uma comunicação, ainda por cima, bem-escrita, me deixa ainda mais satisfeito por suscitar tal cuidado.

Marco Antônio Gomide Reis me enviou um e-mail abordando a questão da continência de parte dos atletas da delegação do Brasil no Pan de Toronto, no Canadá, nos pódios da competição, que nem foi o assunto principal da coluna da semana passada.

Pela educação, respeito e espírito democrático que o texto dele deixou transparecer, resolvi voltar à questão da continência, até para dar a visão de Reis, que me enviou um texto enorme, que li inteiro.

Além de muitas vertentes da ligação histórica dos militares com o esporte, ele aborda uma visão que, a princípio, pode parecer conservadora, pois questiona o porquê de tamanha celeuma na mídia nacional em torno da questão da continência dos atletas brasileiros.

Ele lembra que, no país em que vivemos, repleto de desesperança, falta de horizontes éticos e morais pelo exemplo dado pela classe política brasileira – totalmente desconexa dos anseios populares –, demonstrações de respeito e reverência ao nosso maior símbolo – a bandeira nacional – deveriam ser motivo de elogios, e não críticas.

Pelo menos no meu caso, não critiquei, só disse que acho desnecessária a continência, pelos motivos que estão no texto da última semana.

Claro que, ao perceber a posição do senhor Reis, imaginei qual seria sua profissão, sua história de vida e, no fim do e-mail, veio a confirmação, quando vi a assinatura do coronel reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, portanto um homem vivido, que tem motivos para defender os princípios em que acredita e que lhe foram passados. Militar também é cidadão!

Ao constatar que Reis é militar, já que dizem que nunca se deixa de ser, dada toda a disciplina que a vida profissional impõe, fiquei recompensado pela abordagem serena e respeitosa, mesmo tendo ideias confrontadas.

Por isso fiz questão de dedicar esta coluna a esse meu leitor, importante como todos os outros, mas detentor de uma coisa essencial no Brasil de hoje, o respeito por posições diferentes, sem monopólios de como governar, escrever, tocar a economia, de como acabar com a pobreza, enfim, de ser o coitadinho perseguido pela mídia A, B ou C.

Precisamos de gente que aceite e tenha capacidade para discutir o país sem revanchismo, sem “nós contra eles”, sem “elite branca”, sem apego figadal ao poder, e, principalmente, sem deixar radicais e despreparados terem certeza de que seriam maioria, como não são. Apesar de tudo, é preciso acreditar, embora seja, o Brasil atual, o pior desde a reabertura democrática, basta ver a desaprovação histórica e retumbante de quem o comanda.

Admissão. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) admitiu que os resultados da delegação nacional no Pan de Toronto, no Canadá, estão abaixo das expectativas do órgão, embora o gasto estatal com o esporte olímpico tenha aumentado muito em relação à competição em Guadalajara, no México, em 2011. No esporte tudo é possível, mas temos um vexame à vista na Olimpíada no Rio de Janeiro, no ano que vem.

No aguardo. Após muito hesitar para trazer um novo diretor de futebol para o Cruzeiro após a saída de Alexandre Mattos, o presidente Gilvan de Pinho Tavares foi buscar Isaías Tinoco, que tem rejeição grande da torcida. Ele é um profissional muito experiente, mas sem grandes trabalhos em suas últimas empreitadas, assim como o técnico Vanderlei Luxemburgo. Marcelo Oliveira também chegou a Raposa com relativa rejeição. 

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