Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

É isso mesmo, ‘parça’!

Publicado em: Sáb, 05/08/17 - 03h00

Neymar está certinho em sair do Barcelona para o PSG, e o dinheiro é o motivo menos importante para a mudança, pois ele e sua família já têm o suficiente para que, pelas próximas dez gerações, não se preocupem com essa questão.

Não sejamos hipócritas em achar que a grana oferecida para o jogador nesses cinco anos de contrato com a agremiação de Paris não pesou na decisão de trocar de clube, mas acredito que o “desafio”, como ele mesmo ressaltou ao falar da transferência, tenha sido o que moveu o atacante a aceitar a oferta, e eu faria o mesmo.

Até onde sei, embora Neymar não seja de uma família de classe média-alta, ele nunca foi muito pobre ou passou necessidade, como a imensa maioria dos jogadores brasileiros, que têm no futebol a salvação para o destino de muitos dos que nascem em nosso país.

O futebol surgiu em sua vida por causa de sua extrema habilidade, pois, desde muito novo, já era tido como uma joia rara a ser lapidada, como foi, e muito bem, pelo Santos e por seu pai, apesar dos tropeços em relação ao pagamento de impostos.

Como muitos garotos e, hoje em dia, garotas também, o sonho de ser futebolista profissional foi alcançado muito cedo, já que, desde as primeiras categorias de base do Peixe, já era muito bem remunerado para jogar.

Depois de transposto o primeiro degrau, atuar no profissional era o segundo, também alcançado rápido, ainda com 17 anos.

Ganhou títulos importantes com o clube que o fez ser o que é, e só não é o maior jogador da história do Santos por causa de um tal de Pelé.

Chegou à seleção brasileira e rapidinho virou o protagonista do time.

Transferiu-se para um dos maiores clubes do mundo e ganhou tudo lá, menos o status de “o cara” da equipe, pois Messi, que chegou ao Barcelona aos 12 anos, sempre o será enquanto lá estiver.

Sabedor de sua capacidade e inconformado em ser “apenas” milionário, “dono” da seleção brasileira, a quem ajudou, e muito, a conquistar a inédita medalha de ouro olímpica, e um dos melhores jogadores do mundo; Neymar agora mostra, cabalmente, que tem o que diferencia os bem-sucedidos dos gênios: a inquietude de sempre querer melhorar e de competir consigo mesmo.

Isso deve ter movido Da Vinci a pintar, desenhar, esculpir, inventar. Deve motivar Roger Federer a continuar jogando tênis. Deve ter feito Che Guevara não se acomodar em Cuba depois da revolução de 1959 e sair pela América lutando por seus ideais, o que lhe custou a vida.

Neymar, que se tornou o jogador mais caro da história, quer ser o melhor do mundo, o que dificilmente conseguiria ao lado de Messi, de quem é amigo e jamais deve ter cogitado puxar-lhe o tapete.

Para os pouco ambiciosos ou acomodados, a transferência de Neymar para o PSG pode parecer um erro ou apenas uma questão financeira.

Para mim, o moleque, a quem sempre chamei de “gênio”, mostra que não tem limites mesmo, no melhor sentido.

Hoje em dia, não basta manter o que está dando certo. Isso vale para pessoas e instituições. Acomodar-se no que está bom é o primeiro passo para a queda. Mas o passo dado por Neymar foi o mais ambicioso de sua vida e dará certo. Quem não arrisca não petisca!

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