Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Galo que flertou com a queda balança mais

Publicado em: Sáb, 10/02/18 - 02h00

Cheguei à redação nessa sexta-feira disposto a fazer uma ressalva a Oswaldo de Oliveira, que presumi, ao saber de sua saída do Atlético, tivesse tido a dignidade de pedir demissão após o episódio lamentável (muito mais para ele) com o repórter Léo Gomide, da histórica e respeitável rádio Inconfidência, de Belo Horizonte.

Mas, ainda nessa sexta, o presidente do clube, que está tentando mostrar pulso e se perdendo cada vez mais, disse com todas as letras que o treinador foi demitido. Tá bom!

Ainda na entrevista coletiva, Sette Câmara manteve o veto à entrada do jornalista na Cidade do Galo, mesmo com a saída do pivô da confusão no Acre nesta semana, quando o experiente e vencedor técnico partiu pra cima do colega de profissão. Lamentável.

A polêmica de quem xingou quem acabaria no dia seguinte ao vexame contra o xará acreano se o jornalista não tivesse sido vetado no CT alvinegro.

Muitos dirigentes parecem não perceber que estamos em 2018, em plena revolução digital, quando tudo, todos e em todos os lugares podem ser filmados, gravados e devassados, e uma atitude arbitrária, retrógrada, anacrônica e quase irresponsável como vetar o jornalista e ainda assim manter o veto depois da saída do Oswaldo é um tiro nos dois pés da imagem do Galo, mas cada um responde por seus atos. A história está aí para ser escrita!

Dizer que o clube não tem o direito de barrar pessoas em suas dependências não se sustenta, pois é uma entidade privada regida por regras próprias aprovadas por seus sócios. Não deve vetar jornalista, aí sim! Isso é coisa de Eurico Miranda, Eduardo Caixa-D’água, Ricardo Teixeira.

Fico ressabiado em ver a “nova” administração de um clube que lutou para não cair no Brasileiro do ano passado, começou muito mal 2018 e tem menos dinheiro para investir no futebol do que teve nos últimos anos entrando para esse “hall” dos coronéis do futebol. Liderança se conquista, não se impõe!

Quanto ao Oswaldo, parece ter herdado muita coisa de seu mentor, Vanderlei Luxemburgo, um dos cinco maiores treinadores da história do futebol brasileiro.

Parece ter parado no tempo, não aceita ser questionado, não dá o braço a torcer quando erra e, o pior, vive de glórias de um passado profissional longínquo e vem de maus trabalhos há um tempo considerável.

Mas ele estava quieto lá Rio tomando uns chopinhos quando alguém perguntou se ele não queria um punhado de milhares de reais para salvar o Galo da queda. Conseguiu!

“Ah! Mas ele não pediu demissão para não ter que pagar multa”, diriam. Mas para um cara como ele, que já está rico e tem uma postura social e racional muito mais adequada do que seu mentor, poderia soar legal ter pedido demissão, mas isso é questão de foro íntimo, e não me cabe julgar. O que me cabe fazer, em uma coluna, é opinar.

A justificativa de que o jornalista ofendeu a instituição e, por isso, segue vetado, beira o ridículo. Se é que o Gomide xingou alguém, foi ao treinador, que já saiu e jura ter sido insultado, o que é contestado veementemente pelo jornalista. Enquanto isso, quase ninguém fala da bolinha risível que o Galo joga e, agora, ainda saindo do zero. “Só” o Gomide!

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