Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Gran finale

Publicado em: Sáb, 11/02/17 - 02h00

Ninguém tem dúvidas de que Fábio é um dos três maiores jogadores da história do Cruzeiro Esporte Clube, ao lado de Tostão e de Dirceu Lopes. Eu escrevi “maiores”, não “melhores”, pois os critérios para se aferir os maiores são muito mais objetivos do que no caso da inglória aferição dos melhores.

Além de ser um goleiraço, é o jogador que mais vestiu a camisa de um dos gigantes do futebol brasileiro, o maior vencedor do mundo. Não é pouca coisa!

São mais de 700 jogos, vários títulos, sendo um bicampeonato brasileiro de verdade, à moda antiga (dois anos seguidos), um vice da Libertadores, titularidade absoluta e incontestável por mais de uma década e a idolatria da torcida. Fatos inequívocos da importância de Fábio para a história da Raposa. Sem falar que, em tempos de futebol cigano, jamais será alcançado como o atleta que mais suor derramou defendendo o manto celeste.

Contudo, agora, Fábio poderia coroar essa trajetória inigualável na Toca com um gesto de grandeza que marcaria ainda mais seu nome no panteão dos heróis estrelados: anunciar sua aposentadoria e começar a trabalhar no futebol do clube, de onde nunca deveria sair.

Claro que ele ainda tem lenha para queimar, mas o fim de sua carreira, se não for agora, será em um horizonte próximo pela questão do tempo, pois ele já tem 36 anos e, em que pese ser um goleiro, posição que costuma ser mais longeva para seus ocupantes, não é mais nenhum garoto. Ainda tem muito a dar ao time, tanto tecnicamente quanto em termos de liderança, por motivos explícitos neste texto.

Mas o cerne dessa questão gira em torno de Rafael, o eterno substituto de Fábio, que há muitos anos espera a chance de assumir a camisa 1 celeste, que é de Fábio por merecimento há trocentos anos, para azar de Rafael e sorte do Cruzeiro.

Muito parecido com o que aconteceu no São Paulo com Rogério Ceni, que teve muita paciência e perseverança para assumir a vaga de Zetti. Olha no que deu!

O que o goleiro “reserva” do Cruzeiro está jogando desde que Fábio foi acometido pelo infortúnio de uma grave contusão no joelho não é brincadeira. Não merece sair do time!

Não só os pênaltis defendidos. No jogo contra a Chapecoense, ele fez uma defesa de mão esquerda, embaixo, em um chute da entrada da área, quando a bola já tinha “passado” por ele, em um grau de dificuldade assustador.

Imagine a dor de cabeça para Mano Menezes: ter que barrar Fábio após o fim de seu recondicionamento físico, que está em pleno vapor. Imagine Fábio no banco. Muito esquisito!

Imagine ainda a cabeça de Rafael em ter que esperar mais um, dois, três anos para voltar ao lugar que, para mim, técnica e incontestavelmente, no momento, é dele.

Espero ter sido bem claro sobre o respeito pela história de Fábio no Cruzeiro e que ele ainda pode e tem plenas condições de ser o dono da posição, mas Rafael está atropelando, voando baixo. Pra que adiar em um, dois anos uma realidade que será muito difícil de ser concretizada em outro atleta, a hercúlea tarefa de substituir o ídolo e capitão Fábio, o que Rafael vem fazendo de maneira sensacional?

Cristão fervoroso que é, Fábio, se aposentando e passando, agora, o bastão ao paciente e competente Rafael, encerraria ainda mais gloriosamente sua já inalcançável passagem como atleta da Raposa. Sem falar no gesto de amor ao próximo, respeito e carinho por Rafael. É esperar!

Decepção. Pratto é muito bom jogador, mas ficou devendo no Galo, principalmente títulos, pois ganhou só um Mineiro, obrigação anual. Defendi muito sua contratação e cheguei a achar que entraria para a galeria dos grandes goleadores do Atlético. Entre altos e baixos, a chegada de Fred abreviou a passagem do argentino por Minas Gerais. Marcelo Oliveira até tentou, mas não tem como os dois jogarem juntos, e Fred é melhor.

Esperado. Gabriel Jesus começou arrasador em sua passagem pelo City, e muitos já dizem que é melhor do que Neymar. Tem tudo para ser, mas ainda não é, embora seja mais efetivo do que o genial jogador do Barcelona. Para quem escreveu há um bom tempo, quando ele acabou com o Cruzeiro, pelo Palmeiras, em um jogo da Copa do Brasil de 2015, que o Brasil tinha achado o companheiro do mesmo Neymar na seleção, nada surpreendente. 

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