Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Pelo menos uma lição aprendida

Publicado em: Sáb, 30/07/16 - 03h00

A atual diretoria do Cruzeiro parece ter aprendido com a segunda passagem do, há muito tempo decadente, Vanderlei Luxemburgo pelo clube.

Após demorar para demitir Luxemburgo, quando o time caminhava a passos largos para o rebaixamento, desta vez a cúpula celeste não perdeu tempo e mandou embora o português Paulo Bento, que teve uma passagem ridícula pelo clube, apesar de alguns companheiros da crônica esportiva terem visto alguma evolução no desempenho da equipe após sua contratação. Não sei aonde.

Deixou o time na vice-lanterna do Brasileirão, melhor apenas do que o América, que dá dó ver atuar.

A outra lição que espero que o Cruzeiro tenha aprendido é que abrir mão de um técnico como Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro, após uma pequena série de maus resultados, é um erro estrondoso, vide o que clube está passando depois da injusta demissão do hoje treinador do Atlético.

Claro que a saída de Mano Menezes após a proposta irrecusável da China não estava nos planos, mas Mano só foi contratado porque Luxemburgo também foi, para substituir Marcelo. Ainda teve o Deivid no meio do caminho, uma solução caseira para um clube que não tinha condições financeiras de arcar com o salário de um medalhão e que, agora, vai ter que pagar Paulo Bento até o fim de 2017, algo em torno de 100 mil por mês, cerca R$ 360 mil. Mas melhor isso do que ser rebaixado, o que, desta vez, também parecia muito provável.

Muitos estão tratando a chegada do ex-técnico da seleção brasileira como a redenção do time. Muita calma nessa hora. O Cruzeiro tem que continuar pensando em se livrar da queda para a Segunda Divisão para não dar passos maiores do que as pernas.

Claro que não dá para comparar, mas veja o que está acontecendo com o América, que, após ser campeão mineiro, adotou um discurso de brigar por vaga na Libertadores e até ser campeão da Série A. Isso, sim, é dar passos maiores do que as pernas.

O Coelho poderia até ter sido desclassificado da Copa do Brasil diante do Fortaleza, na quinta-feira, no Ceará, mas a forma como foi, deixa claro que o time é muito fraco técnica e psicologicamente.

Alguns jogadores não têm nível para serem profissionais, e a diretoria anuncia contratações quase toda semana, deixando claro que subestimou o nível da Série A. Mas o maior erro, como escrevi à época, foi mandar Givanildo Oliveira embora.

Sem a Copa do Brasil e já rebaixado no Brasileirão, o América deveria parar de gastar dinheiro com vários atletas insignificantes e colocar a molecada da base para jogar a segunda metade do Nacional, aferindo quem tem condições de atuar no time de cima e já pensando em 2017.

Com esse diagnóstico, em vez de trazer dez, 20 peças para o ano que vem, o clube traria cinco, seis jogadores de um nível razoável para montar o time da temporada vindoura, quando, bem ou mal, defenderá o título estadual.

Outra impressão que tenho, e é impressão mesmo, sem nenhuma informação de bastidor, é que esse conselho gestor, com nove “presidentes”, acaba sendo infrutífero. Ninguém sabe quem manda, ninguém sabe quem dá a palavra final. Ninguém sabe quem é o responsável pelo vexame que o América vem protagonizando.

Embora seja uma concepção moderna de gestão, tenho para mim que onde manda muita gente, não manda ninguém e, o pior, ninguém obedece. A torcida deve ter saudades dos Salum.

Registro. Quanto ao Atlético, a vitória sobre o Palmeiras foi realmente animadora, mas daí a dizerem que o time voltou para a briga pelo título há uma distância muito grande. Isso é fruto de alguns colegas da imprensa que se empolgam e deixam fluir o lado torcedor, ou de gente, e muita, que não torce para o Galo, mas deixa transparecer que torce em busca de benefícios que vão muito além do campo esportivo.

Falastrão. Um dia depois de eu escrever, na semana passada, que o ilustríssimo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, tem uma extraordinária capacidade de dizer e escrever bobagens nas redes sociais, ele desrespeitou a delegação da Austrália, e, por consequência, o país, ao ironizar as péssimas condições das instalações do prédio destinado aos australianos na Vila Olímpica. Esperemos a semana que entra. 

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