Ricardo Plotek

Ricardo Paes Leme Plotek, subeditor de Esportes de O TEMPO

Tem que se preparar!

Publicado em: Sáb, 06/05/17 - 03h00

Nem comentei o total destempero do técnico Eduardo Baptista após a vitória épica do Palmeiras sobre o Peñarol, em Montevidéu, pela Libertadores, porque fiquei constrangido por ele. Pela total falta de polimento e de educação de um treinador que estava em um dos maiores clubes do Brasil e do mundo, ganhando um salário astronômico para os padrões nacionais e que, deveria, sim, estar mais preparado para argumentar com a imprensa, em que pese a tocaia feita pelos uruguaios após o jogo, que quase resultou em tragédia, até com jornalista batendo em jogador do Verdão, um despropósito, o que mostra também que muita gente que se arvora jornalista está longe de ser, e não pela falta de diploma, que fique muito claro. É postura!

Não é caso de Juca Kfouri, que, gostando dele ou não, tem uma trajetória profissional inatacável.

A impressão que me deu foi que o agora ex-treinador do Palmeiras, que parecia saber o risco que corria ao protagonizar aquele show de falta de compostura corporativa, aproveitou o resultado obtido de forma hercúlea – 3 a 2, de virada, depois de tomar 2 a 0 – para crescer pra cima dos jornalistas, mas acabou ficando pequenininho, agora ainda menor, depois de ser demitido, para mim, por um conjunto de fatores, e não só pela instabilidade de seu time.

Ele tem todo o direito de ficar contrariado com notícias que lhe são desfavoráveis. Se alguma delas for mentira, que processe o jornalista, mas dar soco na mesa, usar – mais de uma vez – palavras de baixo calão e “ordenar” que a fonte da suposta notícia falsa dada por Juca Kfouri fosse revelada, quando a inviolabilidade da fonte é assegura pela Constituição, é de uma ingenuidade monstruosa. Aos gritos ainda por cima e com o dedo em riste. É demais!

Achei que seria demitido logo depois, mas a diretoria não poderia fazer isso após aquele inesquecível e histórico 3 a 2.

Várias vezes em sua fala, Baptista disse que sabia que aquilo – aquele arrobo insano – poderia prejudicá-lo, mostrando que pensou duas, três vezes, e fez assim mesmo, ao vivo, justamente para que não houvesse edição de sua fala. Caso mais que pensado!

Para um treinador que nunca se firmou em clubes grandes e foi contestado todos os dias em que dirigiu o Palmeiras, ele perdeu uma ótima chance de ficar “calado” e aproveitar a vitória para conversar numa boa e obter a escassa paz para trabalhar em um clube como o Palmeiras.

Acho que se não houvesse essa desastrosa entrevista no Uruguai, mesmo com a derrota na Bolívia para o Jorge Wilstermann, que apenas adiou a classificação para as oitavas de final da Libertadores, Eduardo Baptista poderia ainda ser o treinador do Palmeiras. Mas...

Hoje em dia, qualquer profissional do futebol tem assessor do clube, particular, procurador, gestor de carreiras, personal trainer, advogado, nutricionista, coaching, estafe; gente demais, que, quase sempre, atrapalha o contato de seu assistido com a imprensa, mas ninguém poderia prever o que fez Eduardo Baptista.

Que fique claro, não estou sendo corporativista defendendo a imprensa, mas se o cara não está preparado para lidar com ela, que vá fazer outra coisa.

Ele é novo e parece ser capaz, mas precisa mostrar que pode subir de patamar e ficar na “prateleira de cima”, como diz meu colega Chico Maia.

Tem DNA futebolístico, pois seu pai, Nelsinho Baptista, tem muita história como jogador e treinador, algumas de não tão boas lembranças para os cruzeirenses, mas é idolatrado pela torcida do Corinthians, a quem deu o primeiro título brasileiro, em 1990.

O filho, com certeza, terá uma segunda chance, mas precisa de um media training mais apurado.

Clássico. O melhor juiz de Minas Gerais vai apitar a final do Mineiro. Gosto do baixinho Igor Júnio Benevenuto, que não é dar trela para jogador, ficar conversando muito, marca o que precisa e sai do bolo, ao contrário de outros, bem mais renomados no Estado, que adoram aparecer mais que os jogadores. Tomara que tenha uma arbitragem discreta e segura, como quase sempre tem. Árbitro de fora ou de Minas? O melhor!

Palpite? O Atlético tem uma vantagem e tanto, agora, faltando só 90 minutos para o fim do Mineiro. Joga pelo empate, em casa, com o apoio da sua sempre alucinante torcida, mas não pode entrar para empatar. Gostaria de ser um PVC da vida, com todos os dados e números possíveis, mas um ser que viveu a maior parte da vida em um mundo analógico não tem muita paciência para essas coisas. Mas sempre acho que, em decisão, quem entra pra empatar, perde. 

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