RICARDO SAPIA

Cadê a ideologia?

O fato é que não existe um consenso quanto a uma definição comum e única de esquerda e direita

Por Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 

Nas eleições presidenciais e estaduais de 2018, o Brasil assistiu a uma onda de discursos agressivos, especialmente nas redes sociais, que se dividiam em dois lados: os de esquerda e os de direita. Definir um posicionamento político apenas pelo viés partidário pode ser uma armadilha repleta de estereótipos, já que essa divisão binária não reflete a complexidade e contradições da sociedade.

O fato é que não existe um consenso quanto a uma definição comum e única de esquerda e direita. Existem “várias esquerdas e direitas”. Isso porque esses conceitos são associados a uma ampla gama de pensamentos políticos. As ideologias “esquerda” e “direita” foram criadas durante as assembleias francesas do século 18.

Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população mais pobre, diminuir os poderes da nobreza e do clero. Era a primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799).

Com a Assembleia Nacional Constituinte montada para criar a nova Constituição, as camadas mais ricas não gostaram da participação das mais pobres, e preferiram não se misturar, sentando separadas, do lado direito. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite.

Para os brasileiros a diferença entre as ideologias não parece tão clara. Em 2014, durante as eleições, a agência Hello Research fez um levantamento em 70 cidades das cinco regiões do Brasil perguntando como os brasileiros se identificavam ideologicamente. Dos mil entrevistados, 41% não souberam dizer se eram ideologicamente de direita, esquerda ou centro. O que podemos perceber é que nem mesmo os políticos sabem discernir o lado ideológico, basta reparar nas mudanças de partidos que acontecem de acordo com os “acertos eleitoreiros”.

O partido Novo que se coloca como de direita, ganhou a disputa do governo estadual em Minas Gerais e tem nos quadros do primeiro escalão, secretários que pertenceram ao governo do PT e do PSDB. Cadê a ideologia? Não existe, como não existe respeito aos eleitores que acreditaram no Novo e estão vendo a mesma velha política de sempre.