Coluna

Brexit, Londres e gastronomia

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2016 | 03:00
 
 
Trufas francesas e italianas, ainda disponíveis, no Borough Market, em Londres Renato Quintino/divulgação

A fama antiga da Inglaterra por ter a pior comida do mundo é exagerada, mas tem um fundo de verdade. Depois da União Europeia, a cena gastronômica inglesa aconteceu. Chefs do país se tornaram celebridades, como Jamie Oliver, Gordon Ramsey e Nigella, outros entraram na lista dos melhores do mundo, como Heston Blumenthal, “restauranters” referência abriram suas casas em Londres, como os franceses Daniel Boulud e Alain Ducasse, e o fenômeno dos “gastropubs” trouxe qualidade e inventividade à antiga e engessada comida de pub.

Tudo ia bem na gastronomia inglesa até o Brexit. Assim como os ingleses não poderão ter mais a experiência de nascer num país, estudar em outro e trabalhar num terceiro, produtos que ajudaram na renovação da gastronomia do país, como o azeite italiano, os vinhos e os queijos franceses e os embutidos da Alemanha e da Espanha, serão agora produtos importados, mais raros e caros, fato especialmente grave, uma vez que o Reino Unido importa da Europa Continental 40% do que consome.

O problema se alastra a vários setores da indústria da alimentação, inclusive à preocupante e eminente falta de gente qualificada nas cozinhas, uma vez que um quarto dessas pessoas são imigrantes.

‘Brexit’ é uma mistura de duas palavras inglesas,
‘British’ (britânica) e ‘exit’ (saída); o termo resume
a saída do Reino Unido da União Europeia

O clima pesou, mas quem vai a Londres neste ano ainda pode ver por que o chef francês Joel Robuchon chamou a cidade de capital mundial da gastronomia. No hotel Mandarin Oriental, em Knigthbridge, os icônicos Dinner de Heston Blumenthal (www.dinnerbyheston.com) e o Bar Boulud (www.barboulud.com/london), do francês radicado em Nova York Daniel Boulud, são ótimas opções, ambos, inclusive, com menus-degustação no almoço de bom preço. Quase em frente, a seção gourmet do Harrold’s continua sendo também uma visita obrigatória.

O Belgo Centraal (www.belgo.co) traz a experiência de cervejas belgas, mexilhões e boa cozinha de pub no Covent Garden, bairro que tem também a filial do badalado e ótimo Balthazar de Nova York (www.balthazarlondon.com), das excelentes carnes do Hawksmoor Seven Dials (www.hawksmoor.com) e o pequeno, delicioso e descolado Polpo (www.polpo.co.uk), de cozinha veneziana.

O Geales, em Nottin Hill (www.geales.com), revisita a clássica comida inglesa com o renomado melhor “fish and chips” da cidade; o Borough Market tem uma das melhores cozinhas de mercado do mundo, e o Nopi, de Yottan Ottolenghi (www.ottolenghi.co.uk/nopi), tem uma localização central próxima à Regent Street para quem quiser conhecer a cozinha do chef.

A cena gastronômica da cidade por enquanto ainda é plural, internacional, cosmopolita e versátil, como quase a metade dos ingleses gostaria que continuasse a ser.


Receita

New fish and chips

Preparo da massa para empanar:
Em uma vasilha, coloque 600ml de cerveja lager, e devagar, vá misturando, aos poucos, 400 g de farinha de trigo (ou um pouco mais para dar o ponto até você poder desenhar um 8 sobre a farinha). Leve à geladeira por 30 minutos. O ponto deve estar líquido, porém, a farinha deve estar consistente.

Preparo do linguado: Seque 6 porções de 150g de filés de linguado com pano de prato ou papel toalha. Cuidadosamente, coloque-os sobre a mistura de farinha e cerveja e frite-os em óleo quente por 3 a 4 minutos. Coloque-os em um prato com papel toalha.

Preparo do molho tártaro: Misture 1 maço pequeno de salsinha picada, 2 pepinos em conserva, 1 colher (chá) de alcaparras, 3 filezinhos de aliche, raspas de 1 limão siciliano, suco de 1/2 limão siciliano e acrescente 200 mL de maionese francesa com mostarda Dijon. Misture e verifique os temperos.
Sirva com batatas fritas e purê de ervilhas.