Silvana Mascagna

SILVANA MASCAGNA escreve no Magazine às quartas-feiras. mascagna@otempo.com.br

As mil faces de Paco

Publicado em: Qua, 03/06/15 - 03h00

Paco late pouco e nunca chora. Mas posso apostar que, se ele tomasse uma poção mágica e começasse a falar, pouco acrescentaria ao que já leio em suas expressões. Afinal, já são três anos de convivência.

“Não se apresse. Acorde devagar. Espero o tempo que for necessário pra iniciarmos a nossa sessão de carinhos do dia”, diria todas as manhãs, religiosamente, ao ficar sentado, pacientemente, vendo os primeiros sinais do meu despertar.

“Ei! Você se esqueceu de abrir a janela, passar a mão na minha barriga e dizer, com aquela vozinha suave: ‘bom dia, meu amor, bom dia’”, quando eu salto da cama, direto para o banheiro, sem cumprir nosso ritual matinal.

“Tá enchendo o pote de água e o de comida... ok, já estou me recolhendo a minha insignificância...”, ao ir para o seu sofá, sem se despedir, quando saio para o trabalho.

“Poxa, como você demorou, achei que tinha me abandonado, você precisa mesmo ficar tantas horas fora? Esse seu emprego é assim tão necessário? Hoje pensei que não fosse aguentar...

Juro!... ... Isso, faz carinho, aaah, carinho compensa tudo”, todos os dias quando chego em casa.

“Sério mesmo! Você vai sair de casa de novo?”, nos dias movimentados.

“Aaaaaaah, isso é muito bom, cara! Não para, não para, não para”, quando faço cafuné nele.

“Oh, essa doeu... Faz de novo?”, para o dindo Élcio e seu modo peculiar de acarinhar.

“Eu sou um ser abominável mesmo... Mas, descuuuulpa”, quando faz alguma arte.

“Quando vai terminar saporra?”, no 50º minuto dos longos passeios com tia Ivana.

“Aeeee!!!!”, quando chegamos ao destino, e o destino é a casa dos Dindos.

“Poxa, você me enganou. Tenho que descer mesmo?”, quando pensa que vai pra casa dos Dindos, mas na verdade vai ao pet shop, que fica no mesmo bairro.

“Por que você tá fazendo carinho com uma mão só?” (autoexplicativo).

“Eu podia estar chorando, latindo, mas tô aqui comportado, sentadinho, apenas esperando você me dar um pedaço de qualquer coisa”, em todas as refeições.

“Ah, não, de novo? Eu odeio isso”, na hora em que tento tirar uma foto dele.

“Um carinhosinho pelamordedeus”, quando mendiga atenção.

“Ei, você, pessoa mais generosa da mesa, pode me dar um pedacinho do que você está comendo, por favoooor?”, para a vovó Carmen, para a tia Angelita e para tia Isabel.

“Eu poderia ficar 24 horas por dia assim, você não?”, quando estou fazendo massagem nele.

“Assim eu fico tímido”, quando meus carinhos são acompanhados de frases como “quem é meu menino maraveloso?”

“Uhuuuuu”, quando ele entra na lagoa.

“Pode deixar que eu vou na frente”, quando fazemos trilha.

“Eu também te amo muito”, em retribuição às minhas declarações de amor diárias.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.