SOMOS TODOS

Penso em cultura, logo em acessibilidade

Há 45 anos, a Campanha de Popularização Teatro & Dança traz a Belo Horizonte dezenas de espetáculos para crianças e adultos

Por Raquel Penaforte
Publicado em 13 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 

Se tem um assunto sobre o qual eu gosto de falar aqui, na coluna, é cultura. E, quando penso nela, logo penso em acessibilidade. Afinal, nada mais popular e democrático do que a cultura, não é mesmo?

Apesar de muito se estar discutindo a respeito dos próximos capítulos que a cultura brasileira seguirá, quero ressaltar a importância de pequenas atitudes para a promoção da inclusão no âmbito cultural. Há 45 anos, a Campanha de Popularização Teatro & Dança traz a Belo Horizonte dezenas de espetáculos para crianças e adultos. Com o intuito de levar arte e lazer a todos de forma indistinta, a organização do evento, há algumas edições, promove a acessibilidade comunicacional para pessoas surdas e cegas por meio de tradução em Libras e audiodescrição.

Não quero adentrar o campo político, embora compreenda que tudo é política. Mas, como já dito, desde que o Ministério da Cultura foi transformado em secretaria e que essa passou a estar vinculada ao recém-criado Ministério da Cidadania, muitas pessoas têm demonstrado a preocupação com o que será feito daqui em diante.

Em suas diversas maneiras de expressão, a cultura se apresenta a todos por meio da moda, da linguagem, do comportamento etc., e as manifestações culturais dizem, não só respeito à arte e ao lazer, mas também à identidade de um povo, seus costumes, valores e história.

E por que estou falando tudo isso? Acredito que poucas coisas na vida tenham a capacidade de ocupar, ao mesmo tempo, o lugar de sujeito e de objeto no contexto histórico assim como tem a cultura.

Vou dar um exemplo: existe um termo que se refere ao modo como os surdos vivem, que chamamos de “cultura surda”. Nele, podemos encontrar tudo sobre essas pessoas. Muito além de suas práticas de lazer, como filmes, livros e peças teatrais que abordam a surdez, a cultura surda também está na luta pela inclusão de Libras e legenda em espetáculos artísticos.

Cultura surda também diz respeito à criação de políticas públicas que defendam e promovam a acessibilidade de quem não ouve, mas também tem relação com o modo como essas pessoas entendem e interagem com as outras, sejam elas ouvintes ou não.

É por meio da cultura que conhecemos épocas passadas, lugares distantes e povos desconhecidos, e, com base nela, nós nos orientarmos para onde e como seguir rumo ao futuro.

Espero que nosso futuro seja cada vez mais claro e que nele haja lugar para todos nós.

Serviço

A 45ª Campanha de Popularização Teatro & Dança começou no dia 3 de janeiro e vai até 24 de fevereiro. São dezenas de espetáculos a preços populares para crianças e adultos. As informações sobre as apresentações acessíveis, os horários e os locais estão no site www.campanhadepopularizacao.com.br.