Tostao

As aparências enganam

Publicado em: Qua, 13/04/16 - 03h17

Estamos no meio de abril e só agora vão começar os jogos decisivos pelos Estaduais. É uma longa perda de tempo. A CBF, as federações estaduais, os clubes e os parceiros comerciais deveriam pensar mais na qualidade do futebol brasileiro do que em outros interesses. É urgente diminuir o tempo dos Estaduais e o número de partidas jogadas durante o ano pelos grandes clubes.

A torcida única nos clássicos, além de não reduzir os confrontos entre torcedores fora dos estádios, é um desastre para o espetáculo e uma demonstração da falência das instituições, incapazes de lidar com a violência urbana.

Neste meio de semana, teremos jogos decisivos pela Libertadores e pela Liga dos Campeões da Europa. Barcelona e Bayern, os dois fora de casa, correm risco de serem desclassificados por Atlético de Madrid e Benfica, respectivamente. Messi, Neymar e Suárez não atuaram bem nos últimos jogos. Pareciam cansados, já que atuam os 90 minutos de quase todas as partidas. É injustificável o Barcelona não ter um bom reserva para os três. Na derrota para a Real Sociedad, Suárez, suspenso, não atuou. Munir é muito fraco para o nível do Barcelona.

Grêmio e, principalmente, São Paulo e Palmeiras vivem situações difíceis na Libertadores. O Palmeiras, com Cuca, só jogou bem contra o Corinthians. Nos últimos 20 anos, este é o pior time, individualmente, que vi do São Paulo. O jovem João Schmidt é uma esperança. Marca bem e tem um bom passe.

O Grêmio já está no Equador há uma semana. Esse tempo ajuda a acostumar com a velocidade da bola, que corre mais na altitude, mas, como dizem, o fôlego continua curto, já que são necessários 21 dias para haver uma completa adaptação do organismo.

O Atlético, elogiado como o melhor time brasileiro na Libertadores, perdeu para o Cruzeiro, ficou nove pontos atrás do rival na primeira fase do Mineiro, além de ter perdido e jogado mal contra o Independiente Del Valle. O time já tinha atuado mal e não merecia o empate, fora de casa, contra o Colo Colo. O Galo é bom, mas não é nenhuma maravilha.

O Corinthians folga neste meio de semana. Quero fazer uma correção. Escrevi que o time, com um elenco apenas razoável, dificilmente terá chance de ganhar os principais campeonatos. Corrijo. Por ter um conjunto melhor e mais moderno que os outros e pelo fato de o nível técnico individual dos rivais ser também baixo, o Corinthians é um dos fortes candidatos aos títulos do Paulista, da Libertadores, do Brasileirão e da Copa do Brasil.

Escrevi também que Tite é um ótimo treinador, mas que não é nenhuma sumidade. Nem Guardiola é. Passaram para frente que eu teria dito que Tite é um técnico comum, que não é lá outras coisas. Quando critico a excessiva valorização dos treinadores, de todo o mundo, não significa que não eu dê a eles a importância que merecem.

Apesar dos sermões de Tite nas entrevistas, de suas calças de gabardina e de suas camisas sociais de mangas compridas, parecidas com as dos padres, mesmo sob intenso calor, ele é um excelente treinador. É atualizado, moderno, com cara de passado. Já outros têm cara de novo e conceitos ultrapassados. As aparências enganam.

Cobranças

A cobrança do presidente do Atlético aos jogadores e ao técnico Aguirre é correta, preventiva, mas há uma excessiva crítica aos últimos maus resultados. Há nessa cobrança uma soberba, como se o Atlético tivesse um timaço e não pudesse perder. As derrotas para o Cruzeiro, um clássico, e, fora de casa, para o Independiente Del Valle, não foram surpresas. Surpreendente foi, mesmo desfalcado, levar quatro gols do Tricordiano. Mas o jogo não valia quase nada. Aguirre cometeu alguns erros em substituições, mas nada tão decisivo para ser tão criticado. Todos os treinadores cometem equívocos.

Cruzeiro e Atlético têm muito mais chances de fazer a final do Estadual, mas nada está decidido. O América tem feito jogos equilibrados e empatado os clássicos.

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