Tostao

Dia de emoções e de chutões

Publicado em: Qua, 26/10/16 - 02h00

Triste a morte de Carlos Alberto Torres, companheiro na Copa de 1970, o maior lateral-direito que vi jogar.

Tenho ainda alguns hábitos diários, que, aos poucos, estão desaparecendo. Um deles é ir à banca comprar jornais. Aproveito para participar de uma resenha esportiva. Nesta semana, escutei, mais uma vez, críticas de que muitos gols acontecem por causa de bolas perdidas no próprio campo e de que zagueiros e goleiros, em vez de tentarem passar a bola, o que a maioria não sabe, deveriam continuar nos chutões.

Não sabem, mas precisam aprender. O jogo fica mais agradável e eficiente, o que não significa que seja proibido dar chutões, quando necessário.

Perder a bola perto do próprio gol ocorre em todo mundo, mesmo nas melhores equipes. Dois gols do Barcelona contra o Manchester City começaram na recuperação da bola no campo do time inglês. Aliás, as duas equipes deram uma aula de como marcar por pressão, na saída da bola da defesa adversária.

Dizem que Guardiola dispensou o excelente goleiro Hart, titular da seleção inglesa, para contratar Bravo, do Barcelona, porque o goleiro da seleção chilena joga melhor com os pés. Os goleiros têm evoluído bastante no passe. Neuer é o que melhor joga fora do gol, porque é o mais rápido na cobertura, quando a bola é lançada nas costas dos defensores. Mas ele, nem nenhum goleiro do mundo, tem a habilidade com os pés que tinha Rogério Ceni.

Na seleção brasileira, Alisson tem melhorado no passe. Os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos são ótimos na saída de bola. Isso facilita para o meio-campo. Já Miranda e Gil têm muitas dificuldades. Nos times brasileiros, o melhor, disparado, é Rodrigo Caio, do São Paulo. É sua maior qualidade. A maioria absoluta dos zagueiros se limita a dar um passe curto e para o lado.

Tempos atrás, os zagueiros que tinham bom passe eram escalados como volantes. Hoje, ocorre o contrário. Guardiola adora escalar jogadores de meio-campo e laterais na zaga, para melhorar o passe. A seleção de 70 já fazia isso. O volante Piazza, que tinha um bom passe, ficou ainda melhor nesse fundamento como zagueiro, já que as necessidades e as dificuldades de um defensor para dar um bom passe são menores que as de um jogador de meio-campo.

O torcedor fica aliviado quando o zagueiro dá um bicão e tira a bola de perto da área. Por outro lado, quanto mais chutões, mais rapidamente a bola volta.

Hoje é dia de emoções, de chutões e de reclamações pela Copa do Brasil.

Futebol não é um jogo apenas técnico, científico, nem somente de improvisações e de maluquice, como disse Emerson Sheik, após o jogo entre Flamengo e Corinthians. Se ele e Guerrero tivessem finalizado bem, quando estavam livres dentro da área, o Flamengo poderia ter vencido. Se os árbitros não tivessem errado tanto no fim de semana, como sempre, como na não marcação de impedimento do primeiro gol do Flamengo e na não marcação de um pênalti claro a favor do Sport, contra o Palmeiras, os resultados poderiam ser bem diferentes.

Os árbitros erram a favor e contra todas as equipes. Porém, na emoção do jogo, em uma fração de segundos, na dúvida, sem racionalizar e sem ter a intenção de prejudicar, os árbitros, pressionados, costumam beneficiar os grandes e/ou os que jogam em casa. Assim, acontece em todo o mundo.

Errado deu certo

Apesar de haver pouca diferença técnica entre titulares e reservas no elenco do Cruzeiro, Mano deu sorte ao escalar a maioria dos reservas e ganhar por 1 a 0 um jogo em que correu enormes riscos de empatar ou de perder, já que o Vitória, depois de ficar com um jogador a mais, criou várias chances de gol e perdeu um pênalti. Foi mais uma boa atuação do goleiro Rafael.

Hoje, se o Cruzeiro ganhar, mesmo que seja por um gol de diferença, sem sofrer nenhum, terá grande chance de fazer a final. Para o Atlético, é o raciocínio inverso, pois, mesmo se perder por um gol, ainda mais se marcar algum, terá enormes chances no jogo de volta. É provável mais uma final mineira na Copa do Brasil.

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