TOSTÃO

Expansão e recolhimento

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 

Até anos atrás, os treinadores eram divididos entre a maioria absoluta, que priorizava o início da marcação no meio-campo ou mais recuada para contra-atacar – pressionava em apenas parte do jogo –, e os raros, como Guardiola, Sampaoli e Bielsa, que preferiam a pressão em quem estava com a bola, em todo o campo, mesmo correndo riscos de deixar muitos espaços na defesa para o contragolpe.

Isso mudou. Hoje, a maioria dos técnicos prefere unir as duas estratégias, em uma mesma partida, sem períodos programados para fazer uma coisa ou outra. Alternam, de acordo com o momento, como a pressão na saída de bola do goleiro, já que quase todos os grandes times procuram trocar passes desde a defesa.

Quando duas equipes marcam atrás, para contra-atacar, o jogo fica truncado, chato e feio. Até pouco tempo, era o mais frequente. No meio de semana, Porto e Juventus, em Portugal, jogavam dessa forma, até ser expulso o lateral-esquerdo brasileiro Alex Telles. Aí, a Juventus, com um a mais, pressionou e ganhou a partida.

Quando duas equipes pressionam em todo o campo e tentam ter o domínio da partida, como fizeram Manchester City, em casa, dirigido por Guardiola, e Mônaco, comandado pelo português Leonardo Jardim, a partida fica sensacional, de ótima qualidade e com muitos gols. O Manchester City ganhou por 5 a 3, em um jogo que poderia ter terminado 8 a 8. As duas equipes tomavam a bola e chegavam com muitos jogadores ao ataque.

A partida ficou ainda melhor com os comentários claros e precisos de Zico, no Esporte Interativo. Embora haja exceções, os comentaristas de jogos ao vivo que foram atletas costumam ser melhores, para explicar os detalhes técnicos dos lances importantes, decisivos, enquanto os comentaristas jornalistas são, geralmente, superiores para dar informações, explicar a história da partida, além de se preocuparem mais em analisar tudo, especialmente as estratégias dos treinadores.

Alguns treinadores, em todo o mundo, cada vez mais, seguem o modelo de Guardiola, Sampaoli e Bielsa, como o técnico do Mônaco e Rogério Ceni, pelo menos no início de seu trabalho. Como o São Paulo marca mais à frente, deixa mais espaço na defesa. O time tem marcado e sofrido muitos gols, embora muitos tenham sido por falhas individuais. Além disso, os laterais avançam demais, ao mesmo tempo, para preencher os espaços ofensivos pelos lados, já que os três jogadores mais adiantados, Cueva, Luiz Araújo e Pratto, atuam mais pelo meio que pelas pontas. A defesa fica mais desprotegida, ainda mais que o zagueiro Maicon é lento nas coberturas. Tenho visto muitos jogos bons e ruins, no Brasil, na América do Sul e na Europa. Corinthians e Palmeiras foram, na maneira de jogar, conservadores, tradicionais. Foi também um festival de pontapés, de faltas violentas. O árbitro de vídeo teria sido importante para evitar a punição ao jogador errado e para expulsar o zagueiro Vitor Hugo, que deu uma cotovelada sem bola no adversário.

A maioria dos técnicos gosta de dizer que seus times são equilibrados. Algumas vezes, confundem equilíbrio com não correr riscos. Equilíbrio é importante, mas, em alguns momentos, é necessário, pressionar, se expandir, gritar, e em outros, é preciso silenciar, se recolher, se precaver. É inspiração e expiração, sístole e diástole, como no corpo.

Goleada

Foi fácil demais golear o São Francisco, por 6 a 0. Isso não tira as virtudes do Cruzeiro e mostra, mais uma vez, que é um time organizado.

Na maior parte do jogo, Thiago Neves atuou pela direita, com Robinho pelo centro e De Arrascaeta mais pela esquerda. Ninguém tinha posição fixa, o que é uma qualidade. Porém, como De Arrascaeta não tem força física para marcar e atacar, em jogos difíceis, vai ter dificuldades se atuar pela esquerda, pois terá de acompanhar o lateral. Antes, ele jogava próximo do centroavante, livre, sem recompor pelos lados.

Rafael Sóbis fez quatro e tem se caracterizado por marcar muitos gols em poucos jogos. Todos do ataque do Cruzeiro fazem gols, o que é uma grande vantagem. Time em que um único jogador faz a maioria dos gols não costuma ir bem.