TOSTÃO

Memórias afetivas e técnicas

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2016 | 03:00
 
 

Ao escrever que Messi, Neymar e Suárez formam, talvez, o melhor trio ofensivo da história, não me referia somente a clubes, como alguns entenderam. Tive também vontade de tirar o talvez, mas o bom senso me cutucou para deixá-lo.

Passaram para frente que eu disse que o trio do Barcelona é o melhor de todos os tempos, sem o talvez, e que eu defendo a escalação de Ganso como volante. Não disse isso. Falei que, se ele tivesse sido formado no Barcelona, seria um meio-campista nas posições em que jogam Iniesta e Rakitic. No Barcelona, no Real Madrid, no Bayern e no PSG, talvez as quatro melhores equipes do mundo, e no Corinthians não existe um meia que atue na posição e na função em que Ganso joga desde o início de sua carreira.

Nos últimos 60 anos, participando, assistindo e analisando futebol, além dos primeiros nove anos em que, com frequência, corria atrás de uma bola, vi espetaculares trios ofensivos, de clubes e de seleções, como nos times brasileiros de 1958, 1970 e 2002, no Santos, no Botafogo e no Real Madrid dos anos 1960 e 1970, além do Real Madrid atual e de tantos outros. Algumas dessas equipes tinham uma dupla de atacantes e um ponta agressivo.

Nossas preferências são uma associação de nossas memórias afetivas e técnicas. Temos de ser isentos, mas a total imparcialidade é impossível. Não existe observador absolutamente neutro.

O esplendor técnico dos craques geralmente não passa de dez anos, embora suas carreiras sejam mais longas. Quando termina o auge, se mantêm no topo com brilhos intermitentes. Há variações. Ronaldinho jogou em altíssimo nível por apenas uns três anos. Messi é destaque mundial há dez anos e vai continuar por um bom tempo. Em 2007, Messi ficou em segundo lugar na eleição dos melhores do mundo da Fifa, apenas atrás de Kaká. Desde então, é sempre primeiro ou segundo. Ganhou cinco vezes.

Muitos jovens acham que o auge de Pelé foi na Copa de 1970. Foi entre 1957 e 1967. Anos antes do Mundial de 1970, ele não tinha a mesma velocidade nem brilhava com a mesma regularidade, embora fosse ainda o melhor. Pelé se preparou muito para a Copa, para encerrar a carreira na seleção como campeão mundial e para ninguém ter dúvidas de que ele era o Rei.

Os grandes craques vivem muitas dificuldades para manterem-se no topo. Além das contusões e da concorrência, passam a ter milhares de compromissos sociais, financeiros, de garotos-propaganda, e ainda têm de enfrentar a sociedade do espetáculo, ávida por, rapidamente, festejar, consumir, descartar e trocar os ídolos.

Comitê da CBF. Ao mesmo tempo em que o poder econômico costuma corromper, pode também promover mudanças positivas. Por causa da corrupção na CBF, muitas empresas, preocupadas com seus lucros e suas marcas, têm rompido os contratos com a entidade. Em razão disso, a CBF, para não perder dinheiro, criou o comitê de reformas. A primeira atitude de comitê deveria ser a mudança na estrutura do futebol brasileiro, para que pessoas independentes tivessem a chance, no voto democrático, sem cabresto, de comandar a entidade.

Troféu Guará

Perder de 4 a 3 dá mais esperança que a derrota por 1 a 0. Se as críticas maiores ao Cruzeiro eram por falta de mais talento do meio para frente, existe a possibilidade de que o time mantenha um bom padrão ofensivo e corrija os erros defensivos. Faltou mais proteção aos zagueiros.

O Atlético foi o melhor dos cinco brasileiros na primeira rodada da Libertadores. Não é também para ficar eufórico, pois não foi uma grande atuação contra o Melgar, do Peru. Rafael Carioca mostrou novamente seu talento, como marcador, passador e também finalizador. Patric foi outro destaque, pela disciplina tática e um belo gol.

Amanhã, é dia de Troféu Guará, o mais tradicional prêmio anual do futebol mineiro, promovido pela rádio Itatiaia.