Tostao

O errado pode dar certo

Publicado em: Qua, 19/10/16 - 02h00

Na coluna anterior, escrevi que Renato Augusto tem jogado muito bem, de uma maneira surpreendente, muito melhor do que em toda sua longa carreira, o que atenua um pouco a enorme carência de um grande meio-campista na seleção. Um leitor imaginou que eu queria comparar Renato Augusto a Gerson. Não cometeria essa blasfêmia. Gerson foi o maior armador brasileiro que vi atuar.

Como há tantos fatores envolvidos no resultado e nas atuações das equipes, com frequência, o errado dá certo, e também o contrário. Pior, o errado costuma se tornar um chavão, para sempre, como se fosse uma certeza.

Muitas vezes, um técnico substitui mal, o time vira o jogo, ele recebe muitos elogios e ainda aproveita para dar ótimas explicações técnicas e táticas.

Renato Gaúcho, mesmo tendo o Grêmio boas possibilidades de conseguir vaga na Libertadores, pelo Brasileirão, poupou todos os titulares contra o Santos, por causa da partida de hoje contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Como o Grêmio empatou na Vila Belmiro, resultado que não se esperava, mesmo se fossem os titulares, o errado se tornou certo, e o técnico foi elogiado.

Dorival Júnior, incomodado até hoje pelas críticas recebidas no ano passado, quando o Santos abandonou o Brasileirão por causa da Copa do Brasil, elogiou bastante o técnico do Grêmio, por ter feito o mesmo. O Santos, em 2015, perdeu a vaga no Brasileirão e o título da Copa do Brasil. O errado deu errado, o que é muito mais frequente.

Uma situação é poupar jogadores com problemas físicos e/ou que têm mais possibilidade de ter uma contusão mais grave, ainda mais quando o elenco é bom e grande. Outra é poupar todos os titulares em uma competição, se concentrar na outra, quando há boas chances de ir bem nas duas.

Bagunçaram o Brasileirão. Após o Fla-Flu, os dirigentes do Palmeiras, com a intenção de se defenderem e de pressionarem os árbitros, fizeram uma acusação irresponsável, de que existe um plano para ajudar o Flamengo. O Palmeiras é o líder, a melhor equipe, e não precisa desse jogo de bastidores para ser campeão.

O Fluminense pediu a anulação do jogo contra o Flamengo, mesmo sabendo que o árbitro, após 13 minutos de lambanças, agiu certo em anular o gol. Querem que o errado seja o certo, com a justificativa de que houve ajuda externa. O que é justo, a vitória do Flamengo, pode ser ilegal, se for provado o auxílio das imagens da televisão. O conflito entre o que é justo e a lei é frequente na vida humana.

Se a decisão final do árbitro estivesse errada, concordaria com a anulação do jogo. Na situação específica, manteria o resultado e puniria o árbitro, por ter aceitado ajuda externa.

É cada dia mais comum a ajuda das imagens, em todo o mundo, nas decisões dos árbitros. Todos sabem, mas fingem que não existe. É preciso, com urgência, em algumas situações, oficializar a participação do quarto árbitro, o do vídeo, para ajudar o árbitro de campo, transformar o ilegal em legal.

Os árbitros brasileiros, além da limitação humana para ver muitos detalhes, erram demais. Sabem as regras, mas conhecem pouco de futebol. A agressividade e a má educação dos atletas contribuem muito para os erros. Os treinadores e dirigentes não orientam nem punem os jogadores infratores. Está tudo errado. Devem achar que o errado é que está certo.

Copa do Brasil

Cruzeiro e Atlético têm boas chances de seguir na Copa do Brasil. Contra a Chapecoense, o Cruzeiro dominou a partida, mas perdeu muitos gols. Ábila, mesmo quando não faz gol, sempre tem uma boa chance, por se posicionar bem. Precisa aprender a olhar para o gol e chutar a bola onde o goleiro não está. Ele fecha o olho e solta a bomba. No início, deu certo. Rafael Sóbis continua excessivamente discreto. Nem as ótimas finalizações, uma marca de sua carreira, têm acontecido. Acho que há lugar para De Arrascaeta.

O Atlético continua sofrendo muitos gols, principalmente quando joga fora de casa. Ábila tem de aprender com Fred, que, quando entra na área, olha para o goleiro e coloca no canto.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.