Tostao

Os iguais e os diferentes

Publicado em: Qua, 21/01/15 - 03h00

Apesar dos 7 a 1 e de não estar entre as melhores seleções do mundo, o Brasil pode formar um forte time e até ganhar a próxima Copa, pois possui Neymar e vários jogadores que são titulares das principais equipes do mundo. Todos podem evoluir até 2018.

Se a atual geração foi um fracasso em 2014, a seguinte, que tenho visto jogar no Sul-Americano Sub-20, incluindo a seleção sub-23, parece que será muito inferior à atual. Provavelmente, com uma ou outra exceção, não teremos jogadores do nível de Willian, Oscar, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo. Sem falar no de Neymar.

O Brasil ganha muitos títulos nas categorias de base porque tem tradição, os jogadores são muito altos, fortes, atuam nos times principais e já estão prontos na parte técnica e física. Os rivais sul-americanos parecem meninos diante dos gigantes brasileiros. Mas, nos times principais, os grandalhões perdem essa vantagem.

Continuamos grandes exportadores, mas são raríssimos os jogadores excepcionais, que se tornam destaques no futebol mundial. Isso é incompreensível em um país tão grande, com milhares de meninos formados nas categorias de base.

O técnico Gallo adora alardear os títulos conquistados – esquece os fracassos – e dizer que os clubes precisam formar atletas comprometidos com o coletivo. Isso é básico, essencial. Porém não é o problema. Pelo contrário, os jovens com talentos especiais não deveriam ser colocados na mesma linha de produção em série, para exportação. Estamos produzindo um grande número de atletas iguais, bons, mas nem tanto. É necessário respeitar, incentivar e formar os diferentes.

Amistosos. É óbvio que não dá para analisar jogadores e equipes pelos amistosos de início de temporada. Mas, pela história e pelos detalhes, podemos dar opiniões. O Corinthians, pelo que vi nos dois jogos, será de novo extremamente rígido na disciplina tática, com duas linhas de quatro muito bem formadas, que sofrerá pouquíssimos gols, mesmo de fortes adversários, mas que vai criar poucas chances de gol, mesmo contra times inferiores, à espera de que Guerrero faça pelo menos um. O problema é que as vitórias, os empates e as derrotas estarão sempre muito próximos.

Veto. Como se esperava, a presidente Dilma Rousseff vetou a absurda medida provisória, aprovada no Congresso, de financiamento da dívida dos clubes sem nenhuma contrapartida. Aproveito para corrigir a última coluna, quando, em vez de escrever “financiamento da dívida”, disse “perdão total da dívida”, o que, na prática, não é muito diferente, pois o financiamento é tão longo e com juros tão baixos que parece perdão. Continua o impasse. Se os clubes falirem, o futebol brasileiro acaba. Mas, para melhorar nosso futebol, os clubes não podem ser tão irresponsáveis.

Contratações

O Cruzeiro fez uma excelente contratação, o jovem De Arrascaeta, habilidoso meia uruguaio, embora seu futebol se pareça muito com o de Éverton Ribeiro e quase nada com o de Ricardo Goulart. Everton Ribeiro e Goulart se completavam. São fracos os volantes reservas, Willian Farias, já conhecido desde o ano passado, e o novo contratado, o chileno Felipe Seymour, pela história, por ter vindo de um clube da Segunda Divisão da Itália e pelo estilo que mostrou contra o Londrina. Se eu fosse treinador, experimentaria Júlio Baptista de volante, posição em que melhor jogou em sua carreira, no São Paulo e no Real Madrid.

Júlio Baptista está muito pesado para ser um meia, que marca no meio-campo e chega à frente, como precisa o Cruzeiro.

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