Tostao

Período sabático

Publicado em: Dom, 15/03/15 - 03h00

Antes de dirigir o Bayern, Guardiola, durante um ano, estudou alemão, o futebol do país, a Alemanha, a Baviera e o clube. Hoje, conta até piadas em alemão, sem tropeçar nas palavras.

Um dos motivos mais falados de os técnicos brasileiros não dirigirem clubes de outros países sul-americanos e europeus é não dominar o idioma. São preguiçosos. Vários treinadores sul-americanos, espanhóis e portugueses trabalham em vários países da Europa e falam bem a língua local. Dizem que os ingleses não entendiam bem o que Felipão falava nem seus trejeitos e caretas, quando treinava o Chelsea.

Tite seguiu os passos de Guardiola, na expectativa de que seria chamado para a seleção. Merecia. Mesmo com vários convites de clubes brasileiros, viajou para estudar e conversar com outros técnicos. Alguns treinadores gostaram da ideia. Está virando moda. Vágner Mancini e Dorival Júnior estavam juntos na Europa, quando receberam telefonemas do Santos, um minuto depois do outro. Quem recebeu primeiro? Será que combinaram a mesma proposta? Deve ter sido alta, porque o Santos preferiu o auxiliar.

Como são os encontros dos técnicos brasileiros com os mais badalados do mundo? Conversam rapidamente, antes, no intervalo ou depois do treino? Entre uma garfada e outra de um almoço? Ou têm longas e produtivas discussões? Contam que Guardiola, no início da carreira, foi à Argentina, conversar com seu mestre, Loco Bielsa, e que ficaram, durante um dia e uma noite, discutindo e vendo teipes de jogos. Há ainda os técnicos que vão viajar a turismo e aproveitam para dizer que foram estudar, fazer cursos e que tiveram longas conversas com treinadores. É uma boa desculpa para os desempregados, sem convites. Isso ocorre em todas as profissões. Milhares de brasileiros já estudaram na Sorbonne, em Paris.

A autopromoção está presente nos seres humanos, de maneiras diferentes, nos mais exibicionistas e nos mais reservados. Uma das características ou fraquezas dos humanos é depender demais da aprovação e do elogio do outro. Somos todos carentes, uns mais que outros.

Em 1963, havia, no Cruzeiro, um companheiro que tinha o hábito de sumir e de dar uma boa desculpa. Já tinha “matado” toda a família. Com o tempo, todos perceberam, e ele, sem graça, em uma atitude de coragem, confessou que queria apenas ser lembrado, que existia.

Regulamento. Na primeira partida entre Chelsea e PSG, o time francês ficou mais preocupado em não levar gol em casa do que em fazer, enquanto o Chelsea foi menos contido que na segunda partida, mesmo com um jogador a mais, quando quis aproveitar a vantagem do gol que havia marcado fora de casa. Já o PSG foi mais ousado no jogo de volta, por precisar fazer gols. Assim como na vida, muitas condutas no futebol são determinadas muito mais por poderosas forças interiores, sobre as quais não temos controle, do que por vontades conscientes.

Por alterar o comportamento habitual, técnico, das equipes, e influenciar demais no resultado, não gosto da regra de o gol fora de casa valer mais, ainda mais na prorrogação.

Mais uma derrota
O Atlético perdeu novamente e, agora, está em quarto lugar no Campeonato Mineiro. O pior são as duas derrotas na Libertadores. O time, sem vários titulares, voltou a jogar mal. Isso solidifica a impressão de que o elenco é ruim, diferentemente do que diziam na pré-temporada.

Aumentaram as esperanças no Cruzeiro, pois Leandro Damião tem jogado bem, o jovem Alisson, agora titular, atuou bem e é tido como uma grande promessa, e os meias, De Arrascaeta e Marquinhos, começaram a entrar na área e a fazer gols, para não depender somente de Damião. Apesar do Mineros, da Venezuela, ser um time fraco, em casa, deverá ser um jogo difícil.

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