Tostao

Sábia ignorância

Publicado em: Qua, 11/05/16 - 03h00

Não foi surpresa, decepção nem fracasso a atuação dos times brasileiros na Libertadores. Era o mais esperado. Dos cinco, quatro passaram da primeira fase, mais dois ficaram pelo caminho e apenas um chegará à semifinal. Há pouca diferença técnica entre as cinco equipes. As classificações de São Paulo e Atlético foram decorrentes de suas virtudes, de circunstâncias de jogo e da qualidade dos adversários.

O Grêmio perdeu para um time superior, o Rosário Central. Se tivesse enfrentado Nacional, Racing ou Toluca teria mais chance. O Grêmio possui várias deficiências, nas laterais, no companheiro de zaga de Geromel e na qualidade de vários reservas. Douglas vive de alguns poucos momentos brilhantes. Quando dá um passe para gol, é tratado como craque.

A maior dificuldade do Corinthians não é a reconstrução coletiva de um novo time. É a falta de mais qualidade individual. Como se esperava, Guilherme não se adaptou à função que era de Renato Augusto. Guilherme é um jogador de pequenos espaços.

O Palmeiras, influenciado pelos delírios do diretor Alexandre Mattos, contratou uns 500 jogadores e não fez um bom time. Cuca tenta agora diminuir o elenco. Se o clube não tivesse um mecenas na presidência, estaria quebrado. Foi mais ou menos o que ocorreu com o Cruzeiro, que agora só tem dinheiro para contratar jogadores medianos. O clube paga a conta do bicampeonato.

Em duas partidas, não há favorito entre São Paulo e Atlético. O São Paulo quer repetir as últimas ótimas atuações no Morumbi e conseguir uma boa vantagem. Fora, contra Audax, Strongest e Toluca, jogou muito mal.

Os melhores momentos do Atlético com Aguirre são muito inferiores aos melhores momentos com Cuca e com Levir Culpi. O Atlético possui o time titular com mais jogadores de qualidade do futebol brasileiro, mas vários reservas são fracos. A atuação do zagueiro Thiago, substituto de Leonardo Silva contra o América, foi desastrosa.

Porque os times brasileiros, com investimento muito superior aos rivais sul-americanos, não são superiores? Certamente, um dos motivos é a troca frequente de treinadores e jogadores. Outro é a incompetência de técnicos e dirigentes. Os clubes brasileiros, que disputam ou não a Libertadores, gastam muito e mal. Os treinadores têm sempre um motivo, um chavão, para os fracassos.

No futebol, há sempre uma desculpa pronta, com aplausos, para os insucessos. Sábia ignorância.

Decepção. Quando vi pela televisão um senhor entre Dunga e Gilmar Rinaldi, na convocação da seleção, pensei que fosse alguém muito parecido com o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Era ele mesmo, para minha surpresa e decepção, já que ele se destacava pelas posições firmes e de oposição à CBF.

A justificativa de que dirigentes precisam conviver bem com os contrários é compreensível, mas não ser chefe de delegação da seleção na Copa América, nos Estados Unidos, um cargo decorativo, social, e que a CBF usa quando quer barganhar, ter a seu lado alguém que lhe interessa.

Em todo o mundo, grande número de pessoas ligadas ao futebol e de todas as outras áreas, adoram ficar próximas ao poder, atrás de uma boquinha, de privilégios ou por pura vaidade.

Salve!

Parabéns ao América, merecidamente campeão mineiro após 15 anos. Melhor ainda por ser no ano em que o time volta à Primeira Divisão. Parabéns aos jogadores e a Givanildo Oliveira, um técnico competente, um nordestino com jeito de mineiro, pela discrição com que faz as coisas bem feitas.

O Cruzeiro estreia no sábado no Campeonato Brasileiro e continua sem técnico. Jorginho, Ricardo Gomes e Marcelo Oliveira disseram não. Será a volta de Adilson Batista? Dizem que o presidente Gilvan de Pinho Tavares não quer Adilson porque ele é amigo de Zezé Perrella, que quer voltar à presidência do clube. Seja quem for, nada adianta se o clube não contratar bons reforços.
 

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