Vida Saudável

Carne vermelha 

Redação O Tempo

Por Dr. Telmo Diniz
Publicado em 22 de abril de 2017 | 03:00
 
 

O consumo de carne vermelha normalmente está ligado a várias doenças. Afirmações do tipo: “pessoas que comem menos carne vermelha podem viver mais tempo do que aquelas que ingerem regularmente hambúrgueres e outras carnes processadas” são muito comuns em diversos estudos. É desta relação “carne vermelha X doenças” que vamos tratar na coluna desta semana.

Estudo realizado na Universidade de Harvard (EUA) com duração de mais de 20 anos demonstra uma relação direta entre o consumo de carne vermelha e a ocorrência de doenças cardiovasculares e câncer. Os pesquisadores analisaram mais de 120 mil pessoas, sendo que cerca de 37 mil eram homens com 50 anos, em média, e cerca de 83 mil eram mulheres na faixa dos 40 anos. Ao longo da pesquisa, esses participantes precisavam informar seus hábitos alimentares e outros pontos determinantes para a saúde, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, prática de exercícios e acompanhar o peso corporal.

Ao final do período, foram notificadas cerca de 24 mil mortes entre as pessoas analisadas, sendo que 6 mil dessas mortes foram por doenças cardiovasculares e cerca de 10 mil mortes por câncer. Os autores descobriram que as pessoas que comiam diariamente uma porção de carne vermelha (equivalente ao tamanho de uma carta de baralho) tinham 18% mais chances de morrer por doenças cardíacas e um risco 10% maior de morrer de câncer.

As carnes processadas parecem ser ainda mais perigosas – uma única dose diária de carnes como bacon (duas fatias) ou salsicha (uma peça) elevou o risco de morte por doença cardíaca em 21% e de câncer em 16%. De acordo com os pesquisadores, as carnes processadas são, definitivamente, mais prejudiciais do que a fresca, e mesmo o consumo de carne vermelha normal deve ser moderado e nunca diário. A carne vermelha processada contém ingredientes como a gordura saturada, sódio, nitratos e outras substâncias cancerígenas que estão ligadas a muitas doenças crônicas, incluindo doenças cardíacas e câncer.

Outro estudo publicado no periódico científico “Cell Metabolism” evidenciou que as bactérias no intestino convertem um aminoácido abundante na carne vermelha, a L-carnitina, para dois tipos de metabólitos que, por sua vez, promovem a aterosclerose, que é o processo que cria o “endurecimento e entupimento das artérias”. Isso, em última instância, é o fator que causa o maior numero de mortes no mundo (infartos e derrames).

Para evitar os malefícios da carne, deve-se preferir consumir peixes e carnes brancas, utilizando a carne vermelha idealmente apenas três vezes por semana. Também é importante restringir ao máximo o consumo de bacon, linguiça, salsicha e salame, pois são as carnes mais prejudiciais à saúde.

Particularmente, creio que o melhor é pensarmos em uma dieta do tipo que as populações do Mediterrâneo praticam. Inclui aí: carnes magras (cordeiro), muito peixe, muita salada e legumes (regados a um azeite extra-virgem), nozes e castanhas e, claro, acompanhados por um bom vinho. Saúde!

Faça uma boa semana.