Vida Saudável

Deixe de ser perfeccionista

Redação O Tempo

Por Dr. Telmo Diniz
Publicado em 16 de junho de 2018 | 03:00
 
 

Em psiquiatria, existem dois grandes grupos de doenças mentais, as psicoses e as neuroses. O perfeccionismo encontra-se entre as neuroses. É quando a pessoa sente uma constante insatisfação com seu desempenho e tem dúvidas sobre a qualidade de seus estudos ou trabalhos realizados. Uma pessoa muito perfeccionista pode desenvolver várias patologias psiquiátricas, acompanhada de grande sofrimento psicológico. Se você se acha muito perfeccionista, fique ligado na coluna desta semana.

Estudos realizados pelas universidades York St. John e Bath, no Reino Unido, indicam aumento do perfeccionismo entre estudantes daquele país. De igual forma, pesquisa realizada pela Universidade de West Virginia, nos Estados Unidos, indica que duas em cada cinco crianças e adolescentes se tornam perfeccionista. A pressão social nos dias atuais é tamanha que estamos adoecendo nossos jovens.

O resultado de ambas as pesquisas apontam para uma população que busca a perfeição em tudo, mas está pagando um preço alto. A tendência de pessoas perfeccionistas é de estar atrelada a uma série de doenças, a citar: depressão e ansiedade, automutilação, transtorno de ansiedade social e agorafobia, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), compulsão alimentar, anorexia, bulimia, síndrome de fadiga crônica, insônia, dispepsia, dores de cabeça crônicas e, nos mais casos extremos, suicídio.

O perfeccionista tende a ficar muito frustrado ao não gerar as metas esperadas, traçadas por eles próprios. É uma busca frenética pela perfeição. E é justamente esta busca que atrapalha essas pessoas na hora de alcançar os objetivos. Os perfeccionistas tendem a responder de forma mais dura emocionalmente. Eles sentem mais culpa e mais vergonha. Eles desistem mais facilmente. Têm tendência a fugir quando as coisas não saem como desejam. São pessoas com baixa resiliência. É muito comum pessoas descritas como perfeccionistas entrarem em depressão por pequenos erros. 

O principal problema do perfeccionismo é que ele é tratado como uma qualidade, ou seja, se temos ansiedade ou depressão queremos ficar livres destes sintomas. Entretanto, quando estamos diante de uma pessoa perfeccionista, ela geralmente hesita em mudar seu comportamento, por que o perfeccionismo aponta na direção de “coisas bem feitas”. Outro desafio é convencer o perfeccionista a substituir a sua crítica interior por pensamentos mais adequados, para aprender a lidar com as próprias falhas, evitando a crítica quando se está aquém de um objetivo. Pode ser libertador permitir que a imperfeição aconteça, devendo aceitá-la e, por que não, celebrá-la. É exaustivo manter um perfeccionismo sufocante.

O psicólogo que atender uma pessoa perfeccionista pode trabalhar no sentido de fazê-lo perceber que realizar as coisas com menos perfeição ainda estaria dentro do aceitável de forma a haver maior equilíbrio entre realização e o prazer. Devemos trabalhar a culpa por não ser tão perfeito, sendo menos críticos e rígidos consigo mesmos – este é o caminho.
Particularmente, sobre este tema, acho que podemos ser bons alunos tirando uma nota oito. Não gostaria de ser nota três ou quatro, mas também não faço questão alguma de ser uma nota dez. 

Faça uma boa semana.