Vida Saudável

Lamúria

Redação O Tempo

Por Dr. Telmo Diniz
Publicado em 23 de junho de 2018 | 03:00
 
 

Segundo o dicionário Aurélio lamúria significa lamentação, queixume ou uma sequência entediante de lástimas e desgraças. Você é um reclamador constante e diário, ou conhece alguém assim? Saiba que esse tipo de comportamento pode impactar diretamente na saúde. A coluna desta semana trata do reclamador contumaz. 

Na década de 1960 um personagem de desenhos animados criado pelo estúdio de animação Hanna-Barbera, a hiena Hardy citava o bordão: “Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”. Dá para imaginar que a personalidade de Hardy foi inspirada em pessoas com características dos reclamadores crônicos. São típicas de pessoas que vivem lamentando a falta de oportunidades e se acham incompreendidas por todos – pela família, pelos amigos, pela sociedade, pelo chefe etc. São pessoas que não sabem como deixar de reclamar, bem como têm certeza da derrota em tudo que se propõe a fazer. São pessoas amarguradas com a vida, literalmente decepcionadas e que não têm resposta para seus dilemas.

A este espírito derrotista se dá nome de “Síndrome de Hardy”. Existem vários tipos de “Hardys” por aí, alguns são invejosos, outros fofoqueiros, outros ardilosos etc. Entretanto, todos têm algo em comum – são extremamente insatisfeitos com tudo e com todos. Essas pessoas acham que suas felicidades sempre dependem de alguém ou de algum lugar (normalmente utópico). Nunca estão cem por cento com a vida, vivem reclamando de alguma doença e acham que merecem muito mais do que têm. Se sentem vítimas da sociedade. Suas histórias parecem novelas mexicanas regadas a lágrimas intermináveis. Não satisfeitos, relatam sua infelicidade para amigos, colegas de trabalho, para a família etc. Haja ouvidos! 

A lamúria ou reclamação constante vai criando conexões neurais que vão estimular a produção de cortisol e adrenalina (hormônios do estresse) que provocam estados de tensão e esgotamento. Consequentemente, emoções e pensamentos negativos vão gerar doenças no longo prazo. Por outro lado, quem tem o hábito de agradecer, vai criando novas conexões neurais no cérebro e segue promovendo uma sensação de bem-estar mantido, pois vai produzindo os hormônios da tranquilidade – endorfina e serotonina. É simples! Pensamentos positivos trazem boas coisas e pensamento negativos certamente vão andar de mãos dadas com frases do tipo: “Oh céus... Oh dia.... Oh azar”. 

Portanto, a atitude a ser adotada aponta para o desenvolvimento da inteligência emocional. Entre as características da inteligência emocional está a capacidade de controlar impulsos, canalizar emoções para situações adequadas, praticar a gratidão e passar a motivar as pessoas ao seu redor. Para ser otimista, treine o cérebro e seu corpo com hábitos simples. Primeiramente, pratique a meditação por 15 minutos diários. Faça 30 minutos de exercícios físicos e seja uma pessoa engajada, ou seja, se envolva em atividades que tenham real significado para você, como a profissão, um hobby, esportes ou mesmo o voluntariado. Vá e faça, mas deixe de lamuriar.

Faça uma boa semana.