O TEMPO

Nem celeste, nem terrestre

Importante não é ter, é SER, e tu serás comigo, depois de tudo, Luz Divina.

Por Vittorio Medioli
Publicado em 17 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 

Um sábio deixou o texto abaixo para ser publicado neste momento de sérios desafios. 

Eu sou a Luz Divina, e, se você deseja se casar comigo, deve estar disposto a sofrer a morte iniciática, terá que passar pelas provas a que a terrível Esfinge (os quatro elementos) o submeterá, impiedosamente, para medir o seu valor espiritual e a qualidade de sua coragem.  

Eu me enlaçarei apenas com quem chegar à crucificação, resistindo aos ataques dos quatro elementos.  

Amo apenas aqueles que souberam drenar a taça da amargura, da traição, do desprezo e da zombaria, da perseguição, da calúnia; aqueles, que carregando a cruz pesada, receberam coroas de espinhos e ofensas; aos iniciados que persistiram com fé inabalável, sofrendo a incompreensão, a solidão do espírito em meio a um mundo de animais. 

Tu, ó peregrino, chegarás a mim depois de ter passado por todas as experiências e tentações: as infâmias, que são os testes de Ar; os golpes, perseguições e traições, que são as provações da Terra; os vícios e as tentações sensuais, que são os testes da Água; e, depois de ter dominado as ambições, a sede de poder, que são os testes do Fogo. 

“Esse quaternário corresponde a cada uma das pontas da cruz, onde foi pregado um dos que pousaram no meu colo: Jesus, o Cristo. No entanto, mesmo os maiores seres humanos viveram desconhecidos e vivem em segredo; ninguém sabe a sua existência porque, aniquilados os desejos e a vaidade, assim convém ao seu trabalho”.  

Importante não é ter, é SER, e tu serás comigo, depois de tudo, Luz Divina. Porque fiz a ti, pequena centelha, à Minha Semelhança para sustentar o Universo. 

Entendeste? Um dia precisarás entender isso. Pois, como disse Dante, “criados nós não fomos para viver como brutos”. 

Aqui estou considerando uma realidade: “Podem existir indivíduos, pertencentes à mesma raça humana, que alcançam as alturas, enquanto outros irmãos se afundam nas profundezas. Paraíso e inferno, opostos de amor e ódio, de bondade e maldade, para testar, para possibilitar a ascensão que se adquire pelas chagas e pelos méritos. 

O iluminado Pico della Mirandola, florentino, que faleceu com apenas 31 anos, em 1494, deixou o livro “Discurso sobre a Dignidade do Homem”, que assim soa bondosamente:   

“Não te concedi uma única face, nem um só lugar, ou algum dom que te faça particular, ó Adão, a fim de que tua face, teu lugar e teus dons, tu os desveles, conquistes e domines por ti mesmo. Sem impor-te natureza definida por lei, como obriguei outras espécies de seres. E tu, ao qual nenhum confim delimita, tu pelo teu próprio arbítrio, entre as mãos daquele que aqui te colocou, tu definas a ti mesmo. Te pus no mundo para que tu possas contemplar o que contém esta obra. Não te fiz celeste nem terrestre, mortal ou imortal, a fim que tu mesmo, livremente, à maneira de um bom pintor ou de um hábil escultor, descubras (e definas) tua própria forma.” Ad astra.