O TEMPO

O Grande Irmão

Redação O Tempo

Por Vittorio Medioli
Publicado em 17 de setembro de 2017 | 03:00
 
 

Um ser humano pertence a uma família, a um povo, a uma raça; sua atuação neste mundo depende diretamente da filiação a tal conjunto. Também seu caráter está umbilicalmente relacionado a isso. Existe um destino de família, tribo e assim por diante, como existe um caráter de família, de tribo, de nação, que unem e formam uma “alma grupal”, uma entidade invisível, mas perceptível, que determina o destino de imensos contingentes humanos.

Para o indivíduo limitado a seus sentidos mais grosseiros, esses conceitos não chegam ao nível de percepção consciente, permanecem como “ideias inúteis”, abstrusas e incômodas. As sutilezas não se ensinam nas escolas, elas aparecem no decorrer de um extenso período de disciplina física e moral, que permite desvencilhar-se do nível egoístico e animalesco.

Não se pode desistir ante os fracassos incontáveis, é preciso perseverar e afinar o ouvido à voz da consciência ou do silêncio que deixa ouvir a sabedoria. Abster-se de cálculos egoístas, falsidades, simulações, deslealdades que ofuscam e impedem o chegar das forças positivas que movem o reino de Deus.

O estudioso do lado oculto aprende a conhecer mundos superiores, dos quais as personalidades individuais são os membros, tanto quanto braços, pernas e cabeça são membros do ser humano. E na vida de uma família, de um povo ou de uma raça também atuam, além das pessoas individuais, as autênticas almas das famílias, dos povos, os espíritos de raça. Em certo sentido os indivíduos são apenas órgãos executores das almas das famílias e dos povos.

Podemos sentir que a alma de um povo se serve das almas de indivíduos escolhidos, pertencentes a ele, para levar a cabo seus trabalhos. Os heróis são a representação material desses escolhidos pela alma maior.

A percepção da alma de um grupo se oblitera no rasteiro plano da nossa vida dos sensos humanos. Ela se encontra em nível superior e harmoniza-se com infalível justiça como cupins do mesmo cupinzeiro, como abelhas da mesma colmeia.

A partir do momento em que o indivíduo se enxerga como ator desses destinos, amplia extraordinariamente seus horizontes e passa a participar conscientemente do trabalho evolutivo. Aguarda o sinal e o chamado para executar as tarefas dessa inteligência anímica superior.
O que importa é se manter na verdade, na lealdade, suprimindo o egoísmo e procurando a via do serviço. Um indivíduo deve estar à disposição, e não se impor pela vaidade pessoal.

Nessa visão, uma eleição é a escolha daquilo que um grupo “mereceu”, e, se merece sofrer para evoluir, a escolha recairá sobre o governante, que executará os castigos necessários.

O livre-arbítrio pessoal também entra em jogo e poderá ajudar e se insinuará com justiça, podendo levar o escolhido na cruz entre dois ladrões.

O pensador materialista olha com desdém para o pesquisador que investiga o lado espiritual, que se alcança pelo estoicismo.

Na tradição de todos os povos e religiões se encontra a figura do “messias”, do “avatar”, do “redentor” como manifestação dessa lei superior, oculta à visão da maioria. Do “ungido”. Nas religiões mais antigas, o Manus era o grande enviado. Para os índios da América do Norte, é Manitu, o Messias judaico, o Mahatma hindu, o Mago, o Moisés, que conduz o povo pelo deserto e entre as águas do mar Vermelho. E “mano” é “irmão”. Por incrível que seja, o Big Brother (Grande Irmão) tem a pretensão de executar a “escolha” desse redentor.

Na realidade, a eleição política é mesmo um processo de escolha de um Grande Irmão, dessa figura mítica a serviço da evolução do grupo. Uma “eterna” e mítica personagem enviada que atende a regra do merecimento dos castigos e dos prazeres.

Neste momento se consolidam as condições que determinarão os eleitos de 2018, e qualquer boa ação e pensamento fazem bem a esse processo.