Wilson Campos

Quando o irascível se excede na verborragia

Declarações de Lula sobre o Holocausto e trabalho

Por Wilson Campos
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 | 08:00
 
 
Leia artigo de Wilson Campos sobre os efeitos políticos das declarações de Lula sobre o Holocausto e sobre trabalho Foto: Ilustração O TEMPO

A fala descontrolada e desastrada do presidente Lula, ao comparar a guerra de Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, com o Holocausto, que ceifou a vida de 6 milhões de judeus, coloca os brasileiros numa situação de máxima vergonha alheia. A verborragia compulsiva de Lula é um sinal de despreparo total para o cargo.

Lula ganhou do governo de Israel a pecha de “persona non grata”, ou seja, recebeu em resposta à sua agressão aos judeus um imediato troco na forma de rejeição da diplomacia para pessoas indesejáveis, que não merecem o status de bem-vindas ao país agredido.

Dizem que Lula não vai pedir desculpas, sob a infantil alegação de que “sacudiu o mundo”, conforme reproduzem seus assessores, que, em vez de aconselhar o chefe, preferem incentivar seu gesto e suas falas irascíveis, sem controle e sem coerência.

O modus operandi do governo Lula provavelmente vai refletir na reunião da Cúpula do G20, que acontece em novembro, no Rio de Janeiro. O grupo das 20 nações mais poderosas no campo da economia mundial, no lugar de debater gestão financeira, crescimento, desenvolvimento, saúde e como acabar com a fome no mundo, por certo se perderá em conjecturas de como Lula consegue ser tão insensível em relação a Israel e ao povo judeu.

A trágica fala de Lula terá impactos na área da política. De um lado, afastará do seu entorno a poderosa comunidade judaica, que tem forte influência no inteiro contexto da pirâmide social. De outro, assistirá ao distanciamento ainda maior das comunidades das igrejas religiosas, que, hoje, preferem estar próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outro desastre verborrágico aconteceu quando Lula, que se diz o “pai dos pobres”, falou em discurso que “nenhuma mulher quer namorar com ajudante geral” e que “ajudante geral não ganha nada”.

Ora, senhor Lula, o trabalhador ajudante geral se trata de um profissional digno, que labora 44 horas semanais ou mais e consegue, sim, levar comida para casa e cuidar de sua família.

Os trabalhadores que têm a carteira de trabalho registrada com a função de ajudante geral se sentiram imensamente humilhados e reagiram na internet contra a agressão. As redes sociais foram unânimes em defender o ajudante geral e criticar com veemência a deplorável atitude de Lula.

Ademais, senhor presidente, o mercado de trabalho para o ajudante geral é vasto, uma vez que seus afazeres são essenciais para qualquer organização. Por isso, o profissional pode atuar também no serviço público – Câmaras Municipais, prefeituras, escolas, órgãos e setores diversos da administração pública federal, estadual e municipal.

Nesses locais, o ajudante geral também encontra possibilidades de emprego, seja na manutenção de ruas e praças, plantio e poda de árvores e limpeza de terrenos baldios ou no auxílio em obras públicas e entre outras atividades.

Enquanto Lula seguir irascível e excessivo na verborragia, o país continuará dividido.