Música

Arnaldo muito ‘Loki’

Redação O Tempo

Por Giselle Ferreira
Publicado em 24 de julho de 2014 | 15:29
 
 
One man band. Arnaldo faz Sarau só de voz e piano e toca de tudo em novo disco solo Amanda Copstein/ Divulgação

Para quem tinha, há 40 anos, três motocicletas, um Corvette, um Jipe, uma Kombi e voava envenenado a 200 km/h, hoje em dia Arnaldo Baptista, 66, anda bem pacato. Tirando proveito da tranquilidade de seu sítio em Juiz de Fora, na Zona da Mata, o Loki está menos agitado, porém não menos inventivo. 
 
Arnaldo já tem prontas 14 canções que planeja lançar em breve – o disco, já batizado de “Esphera”, está pronto e aguardando financiamento para ser distribuído – e está prestes a abrir as portas de sua segunda exposição de pinturas na galeria Emma Thomas, em São Paulo.
 
Em “Sarau o Benedito?”, show que ele apresenta dia 3 (domingo), no cine Theatro Brasil, Arnaldo traz uma pitada de seus novos trabalhos. Acompanhado apenas de seu piano, mistura novas músicas como “I Don’t Care” e “Walking in the Sky” com “Balada do Louco”, “Jesus Come Back to Earth” e “Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?”, em meio ao universo onírico e “exorealista” – definição própria – proporcionado pela projeção das pinturas do eterno Mutante.
 
“Às vezes, me culpo porque passo uma semana só pintando. Uma saia ou um automóvel me inspiram, então eu pinto como um louco. Mas no caso de um show maravilhoso como esse me dedico para fazer tudo da melhor maneira. Toco o que vem na minha cabeça, mas vou tentar fazer telepatia para achar um lado mútuo entre mim e o público”, revela Arnaldo, que não usa mais que a sua imaginação para compor o setlist do “Sarau”. 
 
“É um lado onde o happening fica mais íntimo. O piano é um instrumento que deixa tudo mais caseiro”, explica, soando extremamente agraciado por poder aproveitar a liberdade do formato sarau para casar as pinturas e as canções. “Na música sou mais tarimbado que nas artes plásticas, sinto que estou ainda só botando o pé. Talvez eu tenha um rei na barriga, mas inventei um nome: eu faço o ‘exorealismo’ – exo é o que vem de fora e surrealismo é o além do real. Quero agora retratar mais os ETs”, conta, descrevendo a ocasião em que viu um disco voador e levantando a hipótese de que os extraterrestres acham os humanos monótonos.
 
“Eles deixam a gente na expectativa: por que não entram em contato? Acho que eles não gostam muito das coisas caretas que a gente tem aqui. Ontem, à noite eu pintei um ET e só olhando pra entender como ele é”, diz, confessando que, se também pudesse viajar no tempo, escolheria voltar à Revolução Francesa.
 
“Loki?”
 
No mesmo mês em que os Mutantes lançam um box com sete de seus discos remasterizados, “Loki?” completa 40 anos. Tido como o disco mais contundente de sua carreira solo, ele não é o preferido de Arnaldo. “Posso dizer que sou lucky porque foi tudo natural. Eu passava por mudanças e o disco saiu meio dificultoso, mas até hoje dá mais certo do que eu esperava. Ele foi importante, mas eu não tinha total domínio sobre os músicos. Foi no ‘Singin’Alone’ (1982) que, tocando tudo sozinho, eu embarquei mesmo na aventura de ser eu, o ‘one man band’”, diz.
 
 
 
Arnaldo Baptista
No show “Sarau o Benedito?”.
Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315, centro, 3201-5211). Domingo (3), às 19h. R$ 70 (inteira).