CINEMA

Indie chega a sua 17ª edição  

Festival que promove o cinema independente e de vanguarda acontece de 20 a 27 de setembro, ao todo serão 43 filmes de 15 países, entre inéditos e homenagens

Por Aline Gonçalves
Publicado em 16 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
M- Foto: SISTEMA

 

Um dos mais tradicionais festivais de cinema independente do país, o Indie, que nasceu em Minas Gerais, chega a sua 17ª edição neste mês e continua valorizando o que há de mais contemporâneo e vanguardista na sétima arte, dando, assim, espaço a novos cineastas. 
 
 
Ao todo, 43 filmes de 15 países serão exibidos na capital mineira entre 20 e 27 de setembro (antes, a mostra ocorre em São Paulo). Eles são divididos em três grupos. A parte denominada “Mostra Mundial”, grande destaque do festival, traz 16 obras atuais, praticamente todas inéditas no país, produzidas em diferentes partes do mundo. A “Retrospectiva” homenageia o diretor francês Philippe Garrel, que escolheu pessoalmente os 22 filmes, trazendo, assim, um recorte bastante completo de sua bem-sucedida trajetória. Já a parte “Clássica” contará com a exibição de cinco obras históricas como “A Bela da Tarde”, do espanhol Luis Buñuel com a atriz Catherine Deneuve, e a comédia “A Primeira Noite de um Homem”, que deu o Oscar de diretor para Mike Nichols.
 
“Ano passado, o festival foi um pouco menor, mas não desta vez. A programação acaba ficando concentrada, mas é a nossa ideia mantê-la, assim, em dois ou três cinemas”, explica uma das idealizadoras, Francesca Azzi, principal responsável pela curadoria. 
 
 
Para ela, um dos diferenciais desta edição são as diversas obras dirigidas por mulheres (quase metade das integrantes da “Mostra Mundial”). “Foi uma coincidência, uma seleção natural, não algo pensado: os melhores filmes que vi, ao longo deste ano, foram feitos por mulheres e isso é ótimo, porque esse ainda é um espaço muito masculino e hostil para elas. É bacana ver que esse perfil está mudando. Muitas das obras são de diretoras estreantes, mas há também mulheres com longa trajetória”, comenta a curadora. 
 
A diretora portuguesa Teresa Villaverde mostra, em “Colo”, por exemplo, problemas familiares causados pela crise econômica; a francesa Léonor Serraille, prêmio Caméra d’ Or no Festival de Cannes categoria diretor estreante, apresenta, por sua vez, “Jovem Mulheres”; já a alemã Valeska Grisebach, em seu terceiro longa, explora as relações políticas atuais em “Western”.
Outro destaque dentro desse grupo é a obra do diretor sul-coreano Hong Sang-Soo “Na Praia à Noite Sozinha”, que deu o prêmio de melhor atriz para Kim Minhee na Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, um dos mais importantes do mundo. 
 
Recorte
 
Francesca também chama atenção para o fato de que muitas das obras do homenageado Philippe Garrel disponíveis na mostra nunca foram exibidas no país ou são de difícil acesso. “Aconte que ele começou a produzir nos anos 1960 e sempre manteve-se dentro do cinema autoral, muito independente”, explica ela. “É realmente relevante o fato de ele ter escolhido o que estará em exibição. Algumas obras que eu selecionaria, por exemplo, ele quis deixar de fora, com a ideia de mostrar as diferentes fases de seu trabalho”, comenta ela, ao explicar que o diretor não é tão conhecido no país, apesar de sua relevância no cenário. “Les Enfants Désaccordés (1964)”, realizado quando ele tinha apenas16 anos, é o filme mais antigo do recorte, enquanto “À Sombra de Duas Mulheres (2015) é o mais atua.
 
 
Indie 2017
Cine Humberto Mauro (av. Afonso Pena, 1.537, centro) e Cine Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, centro). De 20 a 27 de setembro, em horários diversos. Entrada gratuita, com ingressos disponíveis nas bilheterias 30 minutos antes de cada sessão. Informações:
www.indiefestival.com.br