MÚSICA

Para além de um trem-bala 

A jovem cantora e compositora Ana Vilela debuta em seu primeiro álbum homônimo que apresenta em espetáculo inédito na capital mineira

Por Lara Alves (*)
Publicado em 11 de novembro de 2017 | 04:00
 
 
Aos 19 anos, Ana Vilela viu sua vida virar de cabeça para baixo quando seu vídeo cantando “Trem Bala” atingiu mais de 12 milhões de visualizações no Youtube Foto: Alessandra Tawara/Divulgação

Em menos de um ano, a canção “Trem Bala”, de Ana Vilela, conquistou um sucesso que a jovem cantora paranaense sequer esperava quando gravou um vídeo caseiro e despretensioso em que cantava sua composição. Meses depois da explosão viral do vídeo nas redes sociais, “Trem Bala” virou trilha sonora de novela global, música-tema do Teleton, foi remixada por produtores badalados e ganhou versões de ninguém menos que a uber model Gisele Bundchen, o cantor Luan Santana e o padre popstar Fábio de Melo. Aos 19 anos, Ana tem a convicção de que a música é um verdadeiro “hino das tias do WhatsApp”, diz em meio aos risos, referindo-se à paixão de públicos diversos pela canção que traz à luz a importância de enxergar a beleza da vida e ser grato a ela. 

 
Agora, após o turbilhão que alterou os rumos de sua vida, Ana se concentra em novos projetos para manter em alta a carreira artística. Na próxima quarta-feira (15), a cantora desembarca em BH para uma segunda apresentação na cidade em menos de um ano. Desta vez, em vez de um formato voz e violão e a interpretação de covers, Ana traz para o Teatro Bradesco um novo formato. O palco será tomado por uma banda completa e o espetáculo embalado por um repertório quase que integralmente composto por canções autorais que ela compõe desde antes do sucesso.
 
A segunda passagem pela capital é fruto da turnê de lançamento do álbum que leva o nome da cantora e marca o crescimento artístico de Ana. “As coisas mudaram no geral na minha carreira desde a minha primeira ida a BH. O show agora está muito mais maduro, mais encorpado”, explica.
 
O setlist do show e as canções escolhidas para integrar o álbum de estreia apontam para o desejo da cantora de se voltar para suas próprias composições, entre elas está “Promete” – o novo single é uma declaração de amor às crianças e, principalmente, a seu primo, Pedro, de 2 anos. “Gosto de cantar e compor sobre o que eu vivo. Eu preciso sentir o que componho porque, senão, não sai direito”, pontua.
 
Apenas uma música destoa deste ideal de Ana. Presente tanto no repertório quanto no disco, “Leãozinho”, de Caetano Veloso, é uma exceção e não poderia ficar de fora. Ela explica: “Quando eu era criança, minha tia Simone cantava essa música pra mim e ela é presente na minha vida desde então. Não tinha como não incluir ‘Leãozinho’ no repertório”.
 
Aliás, voltar a Belo Horizonte, para ela, é como resgatar algumas das raízes da infância. “Minha família toda é de Minas Gerais, então, desde o começo, significou muito pra mim me apresentar na cidade. O público é uma delícia e espero sentir outra vez o calor das pessoas e que elas gostem do meu trabalho novo”, conta.
 
 
MPB Fofa
 
Se a alcunha de “fofo” para a música de artistas que se voltam para composições melódicas suaves e letras delicadas pode incomodar alguns, para Ana ela é apenas uma identificação do sentimento que as pessoas têm com a sua música. 
 
“Eu não gosto de ficar rotulando as minhas próprias músicas. O público decide se é ‘fofo’ ou não, mas acho que isso acaba sendo consequência do fato de eu escrever sobre aquilo que eu vivo e com a intensidade de como eu vivo”, avalia.
 
 
Ana Vilela
Teatro Bradesco (r. da Bahia, 2244, Lourdes, 3516-1360). Dia 15 (quarta-feira), às 19h. R$ 90 (inteira). 
 
(*) Sob supervisão de Marília Mendonça