MÚSICA

Passado e presente reunidos 

Humberto Gessinger apresenta espetáculo que celebra os 30 anos do disco A Revolta dos Dândis no Palácio das Artes

Por Patrícia Cassese
Publicado em 18 de novembro de 2017 | 04:00
 
 
No ano que vem, completam-se dez anos da pausa dos Engenheiros do Hawaii, mas grupo não pretende ser reunir’ Foto: Fernando Peters/Divulgação

 

Ainda faltavam mais de sete dias para vinda de Humberto Gessinger a Belo Horizonte mas as duas apresentações, no próximo fim de semana (dias 25 e 26) já estavam esgotadas. Isso dá um pouco a entender a relação do gaúcho com o público da capital mineira, a qual ele chegou mencionar, num post em seu Instagram, como frequente divisor de águas em sua carreira. 
 
“Em vários momentos importantes BH esteve presente. Foi a única cidade que recebeu o show acústico em 2004, antes de sua gravação; o DVD ‘Insular’ foi gravado aí em 2014; a tour ‘Pra Ficar Legal’, de 2016, estreou em BH... e o que é mais importante: em várias momentos de transformação e renascimento, quando muita gente colocou em xeque minha capacidade de prosseguir, o público de Belo Horizonte que gosta do meu trabalho esteve sempre firme e forte ao meu lado”, conta.
 
Desta vez, ele faz aqui as duas últimas apresentações do disco “A Revolta dos Dândis”, na turnê “Desde Aquele Dia – 30 Anos A Revolta dos Dândis”. O show de domingo, inclusive, será gravado pela Rede Minas e transformado no especial “Humberto Gessinger – 33 Anos de Estrada”, a ser exibido no dia 11 de janeiro, aniversário da estreia do músico. “(O especial) vai ser, essencialmente, o show. Canções de ‘A Revolta dos Dândis’ ao lado do material mais recente. Um trio em dois momentos, pesado e acústico”, adianta.
 
Como ele mesmo disse, o repertório dos shows traz o disco homenageado na íntegra. Ao lado de Rafa Bisogno (bateria e percussão) e Felipe Rotta (guitarra e violão), Gessinger retorna a um trabalho que reuniu grandes sucessos como “Infinita Highway”, “Terra de Gigantes” e “Refrão de Bolero” a outros “lados B”, como “Guardas da Fronteira”, “Filmes de Guerra” e “Canções de Amor”.
 
“‘A Revolta dos Dândis’ representa, para mim, o início de uma escrita mais pessoal e particular e a descoberta do meu espaço musical: baixista num power trio com liberdade para flertar com outros instrumentos. O disco continua fazendo sentido pela força das composições e pela fragilidade da formatação musical. Era uma formação nova, fazendo coisas novas, cheia de incertezas. Isso foi ótimo pro disco: trouxe humanidade à música que fazíamos”, diz.
 
Além de “A Revolta”, canções de outras fases de sua carreira, inclusive composições de seu mais recente compacto, “Depois Daquela Noite”, que tem músicas já gravadas com parceiros, mas inéditas em sua voz: “Alexandria” (2015), com Tiago Iorc; “O Que Você Faz à Noite” (1988) com Dé, do Barão Vermelho; e “Olhos Abertos” (1989), gravada pelo Capital Inicial. O show daqui ainda conta com o acréscimo de duas canções inéditas que estarão num DVD previsto para 2018.
 
Embora tenha lançado uma inédita no último dia 17 e tenha outros três lançamentos previstos até fevereiro, Gessinger não pretende lançá-las em compacto, como fez nos dois últimos projetos. Somente nos serviços de streaming e no DVD. O novo contexto de produção e divulgação musical proporcionado pela tecnologia influenciou seu jeito de trabalhar. “Não mudou meu modo de escrever, mas mudou a forma de agrupar canções. Perderam-se algumas certezas, ganhou-se liberdade. Cada um faz seu calendário agora, não há mais uma definição da indústria dizendo quantas canções e com que frequência devem ser lançadas. É um mundo que exige mais disciplina, mas disciplina é liberdade”, conclui.
 
Humberto Gessinger
Turnê “Desde Aquele Dia – 30 anos A Revolta dos Dândis”. Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro). Dia 25 (sábado), às 21h; e dia 26 (domingo), às 19h. Ingressos esgotados.