MÚSICA

União para alimentar a alma 

Orquestra Sinfônica e Coral Lírico realizam abertura da temporada 2018 inspirados em compositor russo, concerto na terça ao meio dia antecede a noite de estreia

Por Paula Coura
Publicado em 24 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
União da orquestra com o coral marca abertura da temporada de 2018 Foto: Paulo Lacerda/Fundação Clóvis

Almoçar escutando música é um hábito de muitos brasileiros. Agora, ouvir boa música no horário de almoço é um aperitivo diferente, trazido pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais em conjunto com o Coral Lírico. Em toda a abertura de temporada, as duas partes se unem em uma apresentação única, com intenção de azeitar os ouvidos de quem passa pela região central da capital mineira.

 
A apresentação, que acontece no Grande Teatro do Palácio das Artes, com duração aproximada de uma hora, tem início marcado para o meio-dia. A entrada, vale lembrar, é gratuita. 
 
O projeto quer mostrar, em sua primeira apresentação de 2018, o que o público pode esperar da orquestra, do coral e dos solistas ao longo do ano. 
 
À frente da Sinfônica nos últimos três anos, o regente Silvio Viegas preparou um grande espetáculo. A peça escolhida foi a cantata “Alexander Nevsky”, de Sergei Prokofiev (1891-1953). A homenagem ao compositor e pianista russo bem poderia até ser uma alusão à Copa do Mundo deste ano, que acontece justamente na Rússia. Mas, para o regente, a homenagem vai além do torneio de futebol. 
 
“De uma maneira geral, o brasileiro é apaixonado pela cultura russa. Tchaikovsky é um dos exemplos na música clássica, sem contar os balés e os grandes intérpretes. Desde que assumi o posto de regente da orquestra sinfônica, sempre busquei trazer uma grande peça para abertura da temporada. Nos últimos anos, tocamos Verdi e Beethoven”, rememora. 
 
A peça é uma das grandes obras-primas russas. A cantata foi baseada em trilha sonora feita pelo próprio Prokofiev para um filme épico. A obra cinematográfica retrata a história do príncipe russo Alexander Nevsky, que comanda seu exército para conter a invasão dos cavaleiros teutônicos, que eram de uma ordem alemã, no ano de 1242, ao território russo. 
 
Filmado no ano de 1938, época em que o ditador Adolf Hitler reorganizava seu exército visando invadir a Europa, o filme surge como uma espécie de propaganda anti-alemã. 
 
Voz especial
 
Além do Coral Lírico, a apresentação contará com a presença da mezzosoprano Aline Lobão. Cria da casa, como bem frisa o regente Viegas, a solista foi premiada no concurso “Jovens Solistas”, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, nas edições 2012 e 2013; no “Segunda Musical”, em 2006 e 2014, e vencedora do Prêmio “Ópera – Il Barbieri di Siviglia no Concurso Maria Callas”.
 
“A Aline tem um enorme potencial e pode cantar tranquilamente em qualquer lugar, qualquer ambiente. Ela já participou de várias óperas comigo no Palácio das Artes e tem muito talento. É uma menina de ouro, que tem um futuro brilhante pela frente”, frisa. 
 
Para a apresentação de abertura, o regente ainda dá algumas dicas das surpresas reservadas para o público. Na abertura, por exemplo, será apresentado o Hino Nacional Brasileiro, com a participação de todos os músicos da orquestra e de cantores do coral. Um momento que, promete, será único. 
 
“É sempre muito emocionante tocar o Hino Nacional Brasileiro, e o público sempre tem essa identificação. Imagine o toque de cada instrumento, com sua particularidade e com as vozes de fundo. Nesse momento difícil que estamos passando, a gente precisa manter a nossa pátria, e não fugir à luta, como bem entoam os versos da composição, ainda bem atuais”, complementa o regente Viegas.
 
Sinfônica e Lírico ao Meio-Dia
 
Grande Teatro do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1537, centro). Nesta terça-feira (27), a partir das 12h. Entrada gratuita.