Corrida

Aécio ou Alckmin para 2018? 

Senador mineiro e governador paulista terão caminhos diferentes até a escolha do próximo candidato

Sáb, 15/11/14 - 03h00

Brasília. Os dois homens que vão disputar internamente a vaga de presidenciável do PSDB em 2018 lançarão mão de perfis e estratégias diferentes para tomar a dianteira na sigla. A disputa entre o senador mineiro Aécio Neves e o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, será discreta e só deverá se acirrar após 2016.
 

Até lá, ambos trabalharão juntos, mas desempenhando papéis distintos. Uma amostra desse percurso foi dada nesta sexta, quando Aécio e Alckmin se encontraram publicamente pela primeira vez desde o fim da eleição. Aécio, que disputou e perdeu a corrida pelo Planalto neste ano, foi a São Paulo para “agradecer” os votos que recebeu no Estado (64% dos eleitores paulistas).

O convite foi feito por Alckmin, que estrela situação inversa. Reeleito com facilidade no primeiro turno, o tucano é o anfitrião do Estado mais longevo para o seu partido – com ele, o PSDB chegará a 24 anos no poder em São Paulo.

Aécio, que descansou apenas sete dias desde a derrota, ainda não tirou o figurino de candidato ao Planalto. Desde o fim da disputa, vive uma espécie de terceiro turno permanente. O mineiro promete fazer a oposição mais aguerrida que o PT já enfrentou desde que chegou à Presidência, em 2003. “Será a oposição mais qualificada que qualquer governo já enfrentou no Brasil. Uma oposição profundamente conectada com a sociedade. O brasileiro não aguenta mais. Ele acordou”, disse Aécio, nessa quinta.

Esse é o roteiro que seus aliados pregam: crítica aberta ao governo nas pautas que já lhe renderam frutos durante a disputa, como combate à corrupção, além de viagens pelo país, especialmente no Nordeste, para ampliar seu índice de conhecimento e divulgar duas propostas na região em que teve a menor votação.

Caberá a Alckmin, de perfil historicamente mais moderado, o que tem sido chamado em seu entorno de “oposição diplomática”. Ele manterá uma relação respeitosa com Dilma, para não enfraquecer projetos de parceria entre a União e o Estado, mas trabalhará para liderar o bloco de governadores de seu partido, tornando-se uma espécie de “porta-voz” da frente tucana.

Aliados esperam ainda uma postura mais “nacionalizada” e “otimista”. Um integrante do governo paulista avalia, por exemplo, que, ao criticar o pessimismo com o país, Alckmin já mira a eleição presidencial. Para esse aliado, o governador mostrou que “quem quer comandar o Brasil não fala contra o próprio país”.

São Paulo

Desafio. Aécio deve ter a mesma dificuldade que teve em 2014 para se consolidar como candidato em 2018. Em São Paulo, tucanos já “lançaram” o nome de Alckmin para a Presidência.

‘País não pode virar a casa da mãe Joana’
São Paulo.
O senador tucano Aécio Neves voltou a criticar nesta sexta a ação do governo para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, assim, fechar as contas de 2014.

“O Brasil não pode virar a casa da mãe Joana, onde o governo acha que com sua maioria (no Congresso) faz o que bem quer. Eu quero apelar aqui à responsabilidade da base governista. Se houver essa violência, vamos entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade)”, disse, referindo-se ao projeto que extingue o teto de abatimento do superávit primário.

Rivalidade no tucanato
Aécio Neves:

 Pontos fortes
- Bom desempenho nas urnas em 2014: foi o candidato tucano à presidência mais votado desde 2002
- Líder da oposição: os mandatos de presidente do PSDB e de senador servem para se consolidar como o grande nome da oposição

Pontos fracos
- Derrota em Minas:Aécio teve menos votos que Dilma nos dois turnos da eleição presidencial em Minas
- Sem vitrine: Aécio não elegeu seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga (PSDB). Seu rival, Fernando Pimentel (PT), venceu a disputa no primeiro turno.

Geraldo Alckmin:
Pontos fortes
- Reeleição em São Paulo: apesar da crise hídrica, conseguiu se reeleger no 1º turno com 57% dos votos
- Vitrine eleitoral: o tucano governa o maior orçamento do Brasil e também o maior eleitorado (22,4% dos eleitores do país)

Pontos fracos
- Diplomacia: como governador, Alckmin tem menos autonomia para criticar o governo federal
- Votação fraca em 2006: o tucano foi o único candidato à Presidência da República que teve um desempenho no segundo turno pior do que obteve no primeiro

Câmara
A ideia de lançar uma candidatura avulsa à presidência da Câmara dos Deputados não foi abandonada pela oposição, que quer propor uma “terceira via” como alternativa às candidaturas governistas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de um nome petista (ainda não definido). Os partidos de oposição, liderados pelo PSDB, trabalham com três opções: Júlio Delgado (PSB-MG), Miro Teixeira (PROS-RJ) e o senador e deputado eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

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