NESTA MADRUGADA

Andrea Neves deixa penitenciária com tornozeleira eletrônica

Equipe da Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica foi deslocada ate unidade prisional para colocar equipamento na irmã de Aécio

Por Angélica Diniz e Carolina Caetano
Publicado em 22 de junho de 2017 | 06:06
 
 
Andrea Neves cumprirá prisão domiciliar em sua casa no Retiro das Pedras

O governo de Minas, a Justiça e os advogados de Andrea Neves conseguiram driblar a imprensa ao soltarem, na madrugada desta quinta-feira (22), a irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB). Os dois são suspeitos de negociar propina com o dono do grupo JBS, Joesley Batista. Durante a tarde dessa quarta-feira (21), enquanto a saída de Andrea Neves era aguardada do lado de fora do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, a Secretaria de Administração Prisional (Seap) garantiu à reportagem que ela seria levada à Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica, local onde é colocada a tornozeleira.

A Seap confirmou ainda que seria uma regalia se a tornozeleira fosse instalada dentro da penitenciária, fato que acabou acontecendo, já que uma equipe da Unidade Gestora de Monitoramento Eletrônica (UGME) foi chamada para colocar a tornozeleira eletrônica na unidade prisional. 

Um juiz especialista no tema, ouvido pela reportagem sob condição de anonimato, também confirmou que o governo burlou a regra ao levar o equipamento até a detenta. "A pessoa sai da prisão com um documento e é obrigada a ir até a unidade gestora de monitoração. Regra geral, no dia a dia, a pessoa é liberada e vai lá para colocar a tornozeleira, não o contrário", afirmou o magistrado.

Procurado, o advogado de Andrea, Marcelo Leonardo, disse que a Polícia Federal recebeu a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira para cumprir imediatamente a decisão e deu execução à ordem judicial recebida. A defesa informou também que Andrea foi levada pela Polícia Federal para o mesmo endereço onde foi presa, em 18 de maio, em um condomínio de luxo na cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte.

Diferente do que disse na quarta, a Seap admitiu nesta quinta que o tratamento dado a Andrea Neves foi mesmo diferenciado, alegando ser "um caso de repercussão". "A Seap decidiu minimizar os impactos do deslocamento da presa e optou pela instalação da tornozeleira eletrônica na própria unidade prisional, o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, onde ela estava desde o dia 18 de maio. Não há nenhuma ilegalidade nesse procedimento de gestão", diz o texto.

Ainda segundo a nota, "Andrea foi desligada da unidade prisional à 01h11 da madrugada. Depois, saiu da penitenciária em uma viatura da Polícia Federal por se tratar de uma presa da Justiça Federal, enquadrada na Operação Patmos. Andrea só foi levada para o IML por se tratar de uma detenta da Justiça Federal. Ela vai ser monitorada 24 horas pela UGME (Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica). Se descumprir as regras (perímetro de circulação da residência ou rompimento do equipamento), a Central será alertada imediatamente. Em situações assim, os servidores da SEAP tentam contato telefônico para saber o que aconteceu. Independentemente da justicativa, o preso precisa comparecer à UGME no dia seguinte. De qualquer forma, situações fora do padrão estabelecido são comunicadas via ofício ao Juiz de Direito.  
 
O mesmo procedimento ocorre, neste momento, com os presos Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima, que estão no Complexo Penitenciário Nelson Hungria e também são investigados na Operação Patmos. Eles receberão a tornozeleira no local e sairão em viatura da PF.
 
O Sistema Prisional mineiro tem capacidade contratual para monitorar 4.389 tornozeleiras. Atualmente, o equipamento está sendo usado por 1.712 pessoas. Portanto, não há déficit de tornozeleiras nem presos aguardando pela colocação delas. Vale ressaltar que a monitoração eletrônica é determinada exclusivamente pela Justiça. À Seap, cabe apenas executar a ordem e monitorar os movimentos dos detentos", conclui a assessoria do órgão.
 
Privilégios

Durante a tarde desta quarta, presas que cumprem pena no regime semi-aberto reclamaram das condições em que Andrea Neves era tratada na carceragem. O jornal O TEMPO revelou, com exclusividade, que a irmã de Aécio Neves teve regalias na penitenciária, negadas a outras presas. Além de televisão de plasma, edredom, pijama, ela ficou isolada das outras detentas ocupando sozinha um pavilhão destinado a presas com ensino superior. A Seap nega que seja privilégio de Andrea e diz que qualquer preso pode ter seu próprio televisor, desde que a família leve o aparelho à unidade prisional.

Marcelo Leonardo foi questionado sobre as condições em que Andrea cumprirá a prisão domiciliar, como acesso a telefone, internet, visitas, mas o advogado ainda não se manifestou sobre o assunto.