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Ano eleitoral deve derrubar fidelidade da base na CMBH

Vereadores que apoiam Alexandre Kalil fazem cálculo político e querem evitar votos impopulares

Por Fransciny Alves
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 

A chegada do período eleitoral faz com que diversos pré-candidatos já se esquivem de temas polêmicos para manter uma boa imagem perante os cidadãos e evitar o “julgamento” da opinião pública. Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o cenário não é diferente. Membros da base do prefeito Alexandre Kalil (PHS) na Casa já dizem que, neste ano, a fidelidade vai ter que ser mais flexível. Na prática, projetos “espinhosos” e recomendações do governo que vão de forma contrária ao que pensa o eleitorado podem não receber o mesmo apoio do ano passado.

No primeiro ano de gestão de Kalil, a base se mostrou fiel em temas polêmicos, como na votação sobre o corte de benefícios de servidores do Executivo e em artigos da reforma administrativa que davam, por exemplo, autorização para o prefeito decidir questões do município por meio de decretos, ou seja, sem passar pelo crivo da Câmara. Agora, a situação se mostra um pouco diferente, e políticos dizem que o apoio vai ser repensado caso a caso. Isso porque pelo menos 20 dos 41 vereadores devem disputar algum cargo nas eleições deste ano.

A avaliação de membros da base é que o clima hoje está mais tranquilo porque neste ano ainda não foi colocado em votação nenhum tipo de “projeto-teste” que mediria a fidelidade dos apoiadores do prefeito. No entanto, os vereadores esperam que isso já ocorra no próximo mês. Tramita na Casa o texto que trata sobre a regulamentação dos aplicativos de transporte, e os parlamentares esperam ainda o Plano Diretor e a segunda parte da reforma administrativa, que dessa vez vai mirar mudanças internas nas autarquias e nas empresas públicas da capital.

“Neste momento, ainda não tem nada assim muito bombástico. Mas esse projeto dos aplicativos, por exemplo, é algo que pode dar muito problema nas redes sociais. Se você se posiciona contra o que quer a maior parte da população, os telefones do gabinete não param de tocar. Então, agora, eu acho que a gente vai começar a olhar muito mais o que falam da gente do que o quer o prefeito. As eleições estão chegando, a gente não quer se indispor. Então, antes de votar como o prefeito quer, vamos pensar duas vezes se vale mesmo a pena apoiar”, avalia um vereador da base que pediu anonimato.

Resultados. Membros do grupo de sustentação de Kalil também reclamam do que estão recebendo em troca do apoio. O prefeito proibiu a indicação de vereadores para cargos políticos em secretarias e autarquias, o que historicamente era a principal forma de agradar aos aliados. Desde então, o modo de prestigiar os parlamentares fiéis têm sido por meio de encontros “mais fáceis” com secretários municipais para despachar demandas e com a realização de atendimentos comunitários nas bases eleitorais deles, como poda de árvores, operação tapa-buracos e instalação de lombadas nas vias.

“Somente isso não é suficiente. Em inauguração de obras a gente vai, é bom, mas nem isso tem mais porque não se inaugura mais nada. Com a chegada do período eleitoral, a gente tem que mostrar mais serviço. Pela fidelidade que a base sempre teve com o prefeito, creio que ele poderia olhar mais para nós, nos oferecer mais, porque estamos fazendo a nossa parte”, revelou um parlamentar.

Caminho. O projeto de regulamentação de aplicativos está sendo analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Antes de ir ao plenário, precisa passar por outros três colegiados da Câmara.


Prefeito fará um balanço de 2017

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) vai apresentar neste mês um balanço do primeiro ano de sua gestão. Segundo o líder de governo, Léo Burguês (PSL), a ideia é mostrar para população a situação em que o município estava, a forma com que os problemas foram solucionados e o atual quadro do Executivo. O secretário de Fazenda, Fuad Noman, e o secretário de Planejamento, André Reis, vão participar da explanação.

“Encontramos dívidas grandes, inchaço na prefeitura, contratos que não existiam e serviços que não eram prestados. A prefeitura assumiu a dívida, criou contratos e enxugou a máquina pública sem atrapalhar o atendimento ao cidadão. E, no final desse mês, o prefeito fará um balanço de 2017”, explicou Burguês.


Líder do governo aposta em apoio

FOTO: Uarlen Valério – 8.8.2017
Vereador Léo Burguês duvida de uma rebelião na base aliada

O líder da prefeitura na Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Léo Burguês (PSL), reiterou, em conversa com a reportagem de O TEMPO, que a base continua coesa e unida. Atualmente, pelo menos 29 dos 41 parlamentares do Legislativo fazem parte do grupo de apoio ao prefeito Alexandre Kalil (PHS).

Questionado sobre projetos que podem atrapalhar os planos do Executivo na Casa, o vereador afirmou que as propostas da prefeitura são de interesse dos belo-horizontinos e, por isso, não há receio de que eles não sejam discutidos e aprovados pelos parlamentares. “A gente está com muita tranquilidade, porque os projetos que são enviados são de interesse da cidade como um todo, visto aí a aprovação do governo”, disse.

Ele diz ainda não acreditar que o ano eleitoral possa dividir a base na Câmara e declarou que a relação com os políticos continuará da mesma forma. “Acho que estamos enfrentando com coragem temas como moradores de rua, como os camelôs, como a questão dos aplicativos”, afirmou.

“Na política, é importante a gente ter lado. E o lado do prefeito Alexandre Kalil é o do cidadão. Então, nós estamos muito tranquilos com relação aos vereadores, são vereadores que apoiam não o prefeito, mas sim a cidade, que é o principal foco da prefeitura”, completou Léo Burguês.