ENTREVISTA

Antonio Anastasia fala sobre o processo de impeachment

Comedido, senador pelo PSDB e indicado à relatoria do impeachment de Dilma Rousseff, deu pinceladas sobre o processo no Senado

Por Helenice Laguardia
Publicado em 22 de abril de 2016 | 09:48
 
 
“Tudo está sendo feito de acordo com o rito constitucional”, diz Antonio Anastasia (PSDB) ARQUIVO / ABR

“Vim com a boca trancada”, anuncia o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), indicado para ser o relator da Comissão Especial do Impeachment no Senado ao ser abordado antes do embarque para Foz do Iguaçu para responder a algumas perguntas do jornal O TEMPO. Mas, nos próximos 3 minutos e 40 segundos, o ex-governador de Minas Gerais resolve falar um pouco, mas, comedidamente, como todo bom mineiro. Entre cumprimentos e acenos, até mesmo do presidente do PMDB, senador Romero Jucá, Anastasia deu pinceladas sobre o processo de impeachment.

O que o senhor está achando da versão do governo de ser golpe o processo de impeachment?

Eu, como posso vir a ser o relator, quero evitar falar qualquer coisa neste momento para não dar mais confusão. Mas basta ver ontem (quarta-feira) a fala do ministro do STF Celso de Mello. Foi uma coisa contundente. Ele foi categórico ao afirmar que tudo está sendo feito de acordo com o rito constitucional, de acordo com a legalidade e essa vai ser a preocupação do Senado: fazer de acordo com o rito mas dentro da formalidade.

E a partir de agora, o senhor acredita que em maio o Senado vai votar o impeachment?

Tem os prazos que estão determinados no rito que foi definido pelo próprio Supremo. É muito difícil. Meados de maio é a previsão. Agora, tem que aguardar a comissão se instalar, eleger o presidente e o relator para os trabalhos avançarem.

Se o senhor for o relator mesmo, como o senhor avalia isso? (Antes de Anastasia responder, chega Romero Jucá e e o cumprimenta: “Doutor Anastasia”. E Anastasia devolve: “meu comandante, meu comandante, nossa senhora”. E Jucá pergunta: “Está animado?” Anastasia diz: “Estou sempre animado, não sou miliciano?)

O que muda no país se esse processo for aceito pelo Senado?

Veja bem, estamos vivendo uma crise econômica muito grave, talvez seja das três crises, aquela que afeta mais diretamente o cidadão. Então, se porventura (e repete a palavra 'se porventura' duas vezes) houver impedimento (da presidente), há esperança que o novo governo possa devolver um pouco de credibilidade a nossa economia, coisa que hoje é visível que não tem.

O senhor acredita como dizem muitos, que a presidente perdeu a capacidade de gerenciar o país dada a votação na Câmara?

Eu não ia dar entrevista e você está perguntando um monte de coisa. (Prometo que é só mais essa, digo). Anastasia: Haja vista que independente de processo de impedimento – esqueça o impeachment – nas votações anteriores, nos assuntos relevantes, o governo já não tinha mais a maioria. É uma crise política já existente.

E como o senhor acha que fica o país até 2018?

Eu não vou achar mais nada. (Despede-se, encerrando a entrevista)