Gestão Pimentel desativa Palácio Tiradentes oito anos após governo Aécio inaugurar obra

Sat Feb 03 02:00:46 GMT-03:00 2018

Gestão Pimentel desativa Palácio Tiradentes oito anos após governo Aécio inaugurar obra

O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), bateu o martelo e vai desativar, de vez, o Palácio Tiradentes, transformado em sede do governo em 2010 pelo então chefe do Executivo Aécio Neves (PSDB). O edifício integra o complexo da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, na região Norte de Belo Horizonte, e é uma das últimas obras do arquiteto Oscar Niemeyer. O motivo alegado pelo Estado para esvaziar o prédio é economia nos gastos.

Segundo o governo, que se recusa a classificar o edifício como “palácio”, o objetivo é reduzir em pelo menos 40% gastos com insumos diversos, manutenção rotineira e com o consumo de água e energia elétrica. “O Edifício Tiradentes gera uma despesa anual de cerca de R$ 5 milhões. A realocação já está em andamento e será concluída nos próximos dias. A medida vem sendo conduzida de modo a não afetar a normalidade das rotinas de trabalho”, informou a assessoria de imprensa.

O Palácio Tiradentes abrigava, além do gabinete do governador, a Vice-Governadoria, o Gabinete Militar, Cerimonial, Assessoria de Imprensa, além das secretarias de Governo e da Casa Civil. Esses órgãos estão sendo realocados nos prédios Minas e Gerais, que integram o complexo administrativo estadual. Segundo interlocutores, o vice-governador Antônio Andrade (MDB), desafeto de Pimentel e que mantém gabinete no prédio, nem sequer foi comunicado da decisão.

Desde que foi inaugurada, a Cidade Administrativa foi um dos principais alvos de críticas do PT. Os custos de todo o complexo ultrapassaram os R$ 2 bilhões, bancados pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). Após a deflagração da operação Lava Jato e as delações de executivos de empreiteiras, a obra passou a ser investigada pela Justiça brasileira. Por isso mesmo, quando assumiu o Estado em 2015, a primeira providência de Pimentel foi ignorar o legado deixado pelos governos tucanos em Minas.

O governador petista passou a despachar do Palácio da Liberdade, sede histórica do governo, local que passou a integrar o Circuito Cultural Praça da Liberdade no ano de 2013, ainda na gestão de Antonio Anastasia. Em abril de 2015, Pimentel desativou, oficialmente, a exposição Memória e História do Palácio, de curadoria do designer Marcello Dantas — um dos mais respeitados do país. Na época, a medida causou revolta entre os tucanos.

Outra medida polêmica criada por Pimentel foi a criação de fundos imobiliários para negociar um conjunto de imóveis de posse do Estado, incluindo os prédios públicos da Cidade Administrativa. A intenção do governo é cotizar as ações da sede do Executivo, passando, então, a pagar aluguel pelo uso dos prédios públicos.

Procurado para comentar o caso, o PSDB estadual disse ser um descaso com o servidor público e afirmou que o fechamento do Palácio Tiradentes “busca desviar a atenção do ato de protesto de mais da metade dos prefeitos de Minas que, ontem, na Cidade Administrativa, manifestaram sua indignação com a administração desastrosa e caótica do governo Pimentel”, diz a nota.

Segundo dados do PSDB, de 2011 a 2015, a Cidade Administrativa já representava uma economia de R$ 590 milhões aos cofres públicos com a racionalização de custos, como aluguéis, luz, água, combustível e vigilância, entre outras. “A centralização da estrutura governamental do Estado foi apontada pelo Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado como um dos fatores necessários a dar maior eficiência e qualidade aos serviços públicos prestados”, continuou a nota do PSDB.

Palácio. O edifício é o maior prédio suspenso em concreto do mundo, segundo o engenheiro José Carlos Sussekind, responsável pelo projeto da obra. O palácio possui quatro pavimentos, é revestido em vidro, foi construído em concreto protendido – quatro vezes mais resistente que o concreto armado – e está totalmente suspenso por 1.080 cabos de aço presos a vigas de 20 m de comprimento e 3,4 m de altura  localizadas na parte superior e apoiadas em dois grandes pórticos paralelos. Tem como base quatro pilares de apoio e um extenso vão livre de 147 m de comprimento por 26 m de largura. A estrutura do prédio foi concebida para suportar cargas em torno de 34 mil toneladas.

É formado ainda por subsolo e pilotis, totalizando 21 mil m² de área construída. Em seu interior, conta com um salão de 1.200 m² de área destinado a solenidades oficiais, biblioteca e serviços de apoio. (Angélica Diniz)

“Ser popular sempre é bom. O que não quero é ser popular por causa da prática de atos populistas. Quero ser popular pelos atos adequados que pratiquei para reerguer o país.”

Michel Temer

Presidente

Novo inquérito contra Kassab

A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração de novo inquérito contra o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD). O pedido é feito com base nas delações de executivos da J&F, controladora da JBS. Quem decidirá sobre a solicitação é o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo. No pedido, a PGR cita que Wesley Batista delatou supostos pagamentos mensais de propina, em torno de R$ 350 mil em favor de Kassab, através da empresa Yape Consultoria e Debates, supostamente sem nenhuma contrapartida, desde o ano de 2009. Já Ricardo Saud elucidou que, nas eleições de 2014, o PT comprou o apoio político de Kassab e do PSD, indicando o Grupo J&F para fazer os pagamentos, que teriam ocorrido por meio de doações oficiais, através de notas fiscais avulsas, além do pagamento de R$ 5 milhões e quinhentos em 22 parcelas de R$ 250 mil, mediante pagamento de notas fiscais frias à Yape, diz a PGR. Kassab nega irregularidades em seus atos.