A possibilidade de o ex-presidente Lula ser candidato nas eleições de 2022 movimenta a política nacional desde a última segunda-feira (8). O ressurgimento do petista também impacta o cenário para as eleições a governador em 2022 em Minas Gerais. Lula de volta ao jogo reforça a intenção do PT de lançar candidato próprio ao Palácio Tiradentes.
O presidente do PT em Minas Gerais, deputado Cristiano Silveira, disse que o partido terá candidatura própria em 2022, mas que isso não é uma obsessão e que a legenda pode abrir mão da cabeça de chapa se houver uma candidatura mais competitiva que se identifique com o “campo democrático e popular e com o enfrentamento a Zema e Bolsonaro”.
“O PT vai ter candidato próprio. Nós queremos dar um palanque forte pro Lula ou Haddad já no primeiro turno e para puxar as chapas proporcionais. Não vislumbro uma candidatura melhor que a nossa hoje”, disse Silveira, que disse ainda não haver nomes colocados pelo partido.
Apesar do otimismo diante do fato de Lula ter recuperado os direitos políticos, os petistas estão atentos a possíveis desdobramentos judiciais que impeçam novamente o ex-presidente de concorrer, motivo pelo qual Haddad também é sempre lembrado.
O presidente do PT-MG ressalta que antes de fazer qualquer movimento em relação a um candidato de outro partido, a questão precisa ser debatida e pacificada internamente.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), recebeu em fevereiro a visita dos petistas Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann. Questionado se Kalil não poderia ser apoiado pelo PT, já que aparece em segundo lugar nas pesquisas, o deputado disse que não houve nenhuma conversa nesse sentido.
“Tem que fazer essa pergunta pra ele. O Kalil aparece melhor nas pesquisas, mas não chamou a gente para conversar”, afirmou Cristiano Silveira.
No entorno do prefeito de Belo Horizonte, a leitura é que o encontro com Haddad foi positivo, mas que é difícil o PT abrir mão de lançar candidato próprio ao governo porque a sigla tem uma tradição em conseguir bons números de votos na legenda, o que ajuda a eleger deputados federais e estaduais. Sem um candidato próprio, os votos de legenda diminuiriam.
Ao mesmo tempo, aliados de Kalil consideram bastante provável que o PT o apoie no segundo turno se o embate for contra um candidato da direita, como o governador Romeu Zema (Novo), por exemplo.
Estratégia de Lula
Ex-ministro de Lula, o deputado federal Patrus Ananias (PT) afirma que o ex-presidente é um homem do diálogo e que deve atuar nesse sentido a partir de agora.
“A compreensão política do Lula é alargada. Ele tem os valores e princípios que são os nossos, do PT, mas ao mesmo tempo ele é o homem do diálogo. Nunca fugiu de conversar com setores do centro, da direita, mais conservadores”, disse o deputado, que foi ministro do Desenvolvimento Social entre 2004 e 2010.
“O Lula é um construtor de consensos e deixou claro que vai andar pelo Brasil e conversar com as pessoas, movimentos sociais, lideranças e sindicatos”, acrescentou Patrus.
Para ele, ainda não é momento de fazer planos sobre as eleições de 2022, inclusive em Minas. “Eu penso que o grande desafio hoje antes de chegarmos em 2022 é enfrentar os desafios que a conjuntura nacional está nos oferecendo. Junto com a Covid-19, tem a questão social que está aumentando. São 14 milhões de desempregados. Você anda pelas ruas de Belo Horizonte e de outras cidades (e vê) um aumento assustador das populações em situação de rua”, completou.
Cristiano Silveira acredita que Lula irá abordar principalmente a situação econômica do país. Para ele, o ex-presidente vai ser o mesmo que venceu duas eleições para o Palácio do Planalto.
“O Lula sabe que para a gente vencer, não vamos vencer brigando com todo mundo ao mesmo tempo. Mas tem questões muito caras que precisam ser discutidas: a miséria do povo, o custo de vida, o desemprego. Acho que essas questões vão orientá-lo muito”, disse.