Mesmo com a insatisfação da deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) com uma eventual associação com o PT, como mostrou o Aparte nesta segunda-feira (18/12), o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) voltou a defender uma aliança entre as legendas de esquerda em Belo Horizonte em entrevista ao Café com Política, da FM O TEMPO 91,7. 

"O que nós queremos aqui é uma aliança entre o PT e o Psol a partir de um programa de Belo Horizonte. A intenção nossa é partir de um programa e uma candidatura única que possa representar a esquerda, esse campo mais progressista do governo do presidente Lula. É claro que ela é pré-candidata, eu também, mas a nossa ideia é ter uma aliança forjada”, disse Rogério Correia. 

O parlamentar também afirmou que as discussões feitas nacionalmente também interferem em BH. A declaração acontece em um contexto no qual o PT apoia Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo, após o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) apoiar o presidente Lula (PT) nas eleições do ano passado.

“É claro que as conversas nacionais ajudam também, porque as eleições têm uma característica nacional. É preciso derrotar o bolsonarismo. Isso é meta tanto do Psol nacional quanto do PT e das forças progressistas. Temos coisas em comum. Cito, por exemplo, a questão das creches em tempo integral para todas as crianças de Belo Horizonte. Isso é algo comum e nós vamos fazer. É fundamental”, afirmou Rogério. 

Essa associação tem incomodado Bella Gonçalves. “Este projeto passa por uma análise sobre Belo Horizonte, não sobre outras capitais e acordos de outros tipos, até porque o Psol não tem e não assumiu nenhum tipo de compromisso que nos atrela aqui a este tipo de acordo”, disse a deputada. 

Caso uma dobradinha se repita em Belo Horizonte, o PT, que ainda enfrenta resistência interna a uma candidatura própria diante de uma possível composição com o PSD, poderia cobrar reciprocidade e reivindicar ao PSOL a cabeça de chapa e, assim, Bella ficaria com a vice.

As alas do PT que defendem a pré-candidatura à PBH avaliam que, como o partido não terá candidaturas próprias em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde apoiará, respectivamente, Boulos e o prefeito Eduardo Paes (PSD), precisa encabeçar uma chapa em Belo Horizonte, já que Minas Gerais é o único dos estados do Sudeste em que Lula derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - foram 50,90% dos votos válidos contra 49,10%. 

PT e o PSOL nunca estiveram na mesma chapa nas eleições para a PBH. Em 2020, por exemplo, o ex-ministro de Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT) e a ex-deputada federal Áurea Carolina (PSOL) concorreram. Áurea teve 8,33% dos votos válidos, e Nilmário, 1,88%. Em 2016, quando o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) e Maria da Consolação (PSOL),  concorreram, ele teve 7,27%, e ela, 4,11%. Já em 2012, Patrus Ananias (PT) teve 40,8%, e Maria da Consolação, 4,25%.

Com informações de Gabriel Ferreira Borges