caso Petrobras

Atestado médico para cancelar depoimento na CPI foi alterado

Após o documento ser divulgado pela imprensa, o texto foi alterado para incluir que o diretor de abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, sofreu uma crise de hipertensão

Qua, 22/10/14 - 15h22

O atestado médico apresentado pelo diretor de abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, apresentado nesta quarta-feira (22) para justificar sua ausência na CPI do Congresso que investiga irregularidades na estatal foi alterado para incluir a CID (Classificação Internacional de Doenças) que corresponde aos sintomas dele.

O documento apresentado inicialmente pela Petrobras para cancelar a participação de Cosensa na CPI afirmava que ele teve uma "intercorrência clínica" no início da noite desta terça-feira (21), que foi medicado e está afastado de suas funções pelos próximos dois dias. O atestado não fazia nenhuma referência à CID nem aos sintomas do ex-diretor.

Após o texto ser divulgado pela imprensa, o documento foi alterado para incluir que ele sofreu uma crise de hipertensão. Cosensa assumiu o cargo de Paulo Roberto Costa, delator do esquema de corrupção, que envolve superfaturamento e lavagem de dinheiro dentro da empresa, com participação de partidos e construtoras.

A alteração no atestado provocou uma troca de acusações entre oposicionistas e governistas.
"Está muito estranho esse jogo montado pelo Palácio do Planalto dentro da CPI", afirmou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). "Não convocamos a Petrobras. Não convocamos toda a quadrilha, mas apenas um membro da quadrilha. A CPI tem que investigar esse atestado devidamente. Esse documento foi adulterado", completou.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse estranha a "súbita" doença do diretor.
"É de estranhar essa súbita doença no momento em que a CPI tinha um depoimento muito importante faltando poucos dias da eleição, mas parece que é uma tática comandada pelo marketing de campanha da presidente Dilma de tirar do Congresso qualquer possibilidade de discussão da CPMI da Petrobras", afirmou.

Ele reforçou a necessidade de investigar o atestado. "Ele trabalhou com Paulo Roberto e tem informações. A CPI deve avaliar esse laudo médico para nos termos a certeza de que reproduz a verdade", disse. Presidente da CPI, o senador Vital do Rego (PMDB-PB) disse que vai pedir uma apuração para analisar o atestado médico, inclusive, com um exame grafotécnico.

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Folhapress